Uso de fentanil na gravidez pode causar síndrome genética rara no bebê 5h1tc
Estudos mostram semelhança com condição já conhecida, envolvida no metabolismo de gorduras 1a5w6s

Apenas em 2023, o uso de fentanil foi responsável por mais de 75% das mortes por overdose nos Estados Unidos, enquanto no Brasil o uso cresce a cada ano. Agora, pesquisadores revelam um perigo que vai além da adicção. O consumo da droga durante a gravidez pode levar ao desenvolvimento de uma síndrome genética rara no bebê.
A informação foi divulgada em dois artigos científicos apresentados no último congresso do Colégio Americano de Genética e Genômica Médicas. Neles são descritos ao menos 16 casos de crianças nascidas com anomalias que, juntas, se assemelham à Síndrome de Smith-Lemli-Opitz.
Quais os sintomas? 4v1p5t
Essa é uma condição rara em que a criança apresenta alterações em duas enzimas envolvidas no metabolismo de colesterol. Entre os sintomas identificados nos filhos de usuários do opióide estão:
- Baixa estatura;
- Microcefalia;
- Características faciais distintas;
- Fenda palatina;
- Pés tortos congênitos;
- Anomalias genitais;
- Leve junção dos dedos dos pés;
- Redução da estrutura que une os dois lados cerebrais.
Agora mais pesquisas precisam ser conduzidas, mas as evidências apontam para o uso da droga como causa. “A característica compartilhada na pesquisa entre todos os pacientes afetados foi a exposição pré-natal a opióides não prescritos, particularmente fentanil”, disse Guilherme Yamamoto, líder de inovação genômica e bioinformática da Dasa Genômica, em comunicado. “Isso levou os pesquisadores a proporem que o fentanil interfere no metabolismo do colesterol durante o desenvolvimento fetal.”

Os dois trabalhos foram publicados na Genetics in Medicine Open, sendo um deles escrito por pesquisadores da Mayo Clinic e o outro, da Nemours Children’s Hospital.
Qual o problema do fentanil? 101i3f
De acordo com dados do Ministério de Saúde o uso da droga tem crescido nos últimos anos, o que fica evidente no número de notificações de internações, que aram de 1 265 em 2019 para 1 934 em 2023. Os casos ainda são bem menores do que os observados nos Estados Unidos, onde mais de 100 mil perderam a vida apenas em 2021, mas ainda assim geram preocupação.
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Isso acontece porque o fentanil é um opióide poderoso, mais de 50 vezes mais forte que a morfina. Ele é muito utilizado para o tratamento de dores e para a sedação, mas o uso de doses superiores a recomendada podem deprimir o sistema respiratório, levando a morte.
O grande problema é que, devido ao efeito relaxante e adictivo, esse opióide têm sido misturado a outras drogas vendidas ilegalmente, de maneira que muitas overdoses ocorram sem que a pessoa saiba que o poderoso anestésico está sendo consumido.