Governo confirma novo caso de gripe aviária no Mato Grosso 1y1t3s
Detecção ocorreu em uma criação de aves domésticas, no município de Campinápolis a2k62

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou neste domingo, 8, que detectou mais um foco do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) no país, dessa vez no município de Campinápolis, no estado do Mato Grosso. A infecção foi registrada em uma criação de aves domésticas para subsistência — o local não está próximo de nenhum estabelecimento avícola comercial.
De acordo com a pasta, após a suspeita, o Serviço Veterinário Oficial interditou a propriedade e realizou os exames, que tiveram resultado positivo. Medidas de erradicação já foram estabelecidas e ações de vigilância estão ocorrendo num raio de 10 quilômetros do foco da infecção.
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Esse é o quarto caso da doença em aves de subsistência detectados no país. Por não se tratarem de animais que serão vendidos ou exportados, a ocorrência não deve provocar restrições ao comercio internacional.
Qual o perigo? r4831
Desde o anúncio da detecção do patógeno em uma granja de Montenegro, no Rio Grande do Sul, o Mapa alerta que não há risco de infecção pelo consumo de carnes e ovos, já que esses alimentos am por inspeção, e afirma que as medidas de contenção visam debelar a doença. “É possível conter o espalhamento da influenza aviária de alta patogenicidade, desde que sejam implementadas medidas rápidas, coordenadas e integradas entre os setores de saúde animal, saúde humana e meio ambiente”, afirmou Alexandre Naime Barbosa, Chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e Coordenador Científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, em entrevista concedida VEJA, em maio.
As medidas de controle, segundo ele, devem inclui o monitoramento ativo de granjas, criadouros, aves migratórias e mercados de aves vivas, com testagem laboratorial das aves doentes ou mortas, além da investigação e vigilância de possíveis casos humanos suspeitos, especialmente entre trabalhadores de granjas ou pessoas expostas a aves.
Hoje, a transmissão do vírus de aves para humanos é rara e acontece especialmente entre pessoas em contato intenso com os animais. Apesar disso, é preciso cuidado. Quando a transmissão acontece, os casos costumam ser graves, com uma taxa de letalidade que pode chegar a 60%. Para que isso não ocorra, alguns cuidados precisam ser adotados por autoridades e cidadãos, entre eles:
- Promover vigilância epidemiológica intensa de animais comerciais e silvestres;
- Controlar o o a granjas;
- Proibir mercados de aves vivas em áreas de grande risco;
- Notificar casos novos com rapidez;
- Fazer o abate de criações infectadas;
- Evitar contato com aves doentes ou mortas;
- Adotar práticas rigorosas de biossegurança, como higienização, desinfecção e uso de equipamentos de proteção individual.
Há risco de uma pandemia de gripe aviária?
Por enquanto, o risco de um surto como o da Covid-19 é baixo, porque a circulação segue restrita entre animais, mas cuidados rigorosos são necessários. “Embora até o momento não haja evidência concreta de transmissão sustentada de humano para humano, o risco teórico de uma nova pandemia causada por uma variante adaptada do vírus da influenza aviária é real, reconhecido por autoridades sanitárias globais, como a Organização Mundial da Saúde, que mantém vigilância intensa sobre esses eventos”, afirma Barbosa.
Isso acontece porque os casos de infecções por IAAP aumentaram drasticamente nos últimos anos. Esse crescimento de circulação favorece o surgimento de mutações, especialmente em um vírus com alta propensão de gerar novas variantes. Esse alerta cresce ainda mais com os registros de infecção entre mamíferos, que funcionam como uma ponte mais próxima dos humanos que as aves.
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Por ora, no entanto, não há motivos para alarde. Na maior parte dos países afetados, em especial na Ásia, a vigilância sanitária está sendo rigorosa, o que deve ajudar na contenção das infecções. Se isso for feito, com atenção especial aos cuidados individuais e coletivos nos países mais pobres, é possível que a doença seja debelada sem prejuízos maiores.
“A boa notícia é que se eventualmente tivermos uma pandemia pela gripe aviária, é mais fácil adaptar uma vacina para esse tipo de vírus”, diz Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Além disse já temos um antiviral disponível, o oseltamivir, diferentemente do que aconteceu durante o surto da Covid, quando era tudo muito novo.”
O que é a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP)? 65a33
IAAP é um termo que engloba diversas variantes da gripe de alta patogenicidade, termo que designa a capacidade do vírus de gerar doença. Hoje, o H5N1 é a principal desse grupo. Ele foi descoberto em 1996, na China, e é apenas um dos vírus influenza causadores da gripe aviária. Em 2021, um subtipo altamente patogênico dessa variante começou a se espalhar.
Desde lá a preocupação só aumentou já que, além das perdas econômicas associadas a surtos em aves de criação, o vírus começou a aparecer esporadicamente em mamíferos. Um artigo de 2024, por exemplo, revela que essa infecção foi responsável por um aumento de mortalidade de leões marinhos na costa brasileira. Além deles, o patógeno também já foi identificado em animais como cães, gatos, raposas, tigres, guaxinins e leopardos. A primeira detecção em humanos ocorreu em abril de 2021.