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Covid-19: o alívio com a consistente queda na curva de mortes j734x

Dados epidemiológicos comprovam freada no número de óbitos no Brasil — mas é preciso manter os cuidados com a proteção para não haver recuo 6z5925

Por Mariana Rosário Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h54 - Publicado em 16 out 2020, 06h00

A história da pandemia sofreu uma reviravolta nos últimos três meses no Brasil. Em 25 de julho, dia de pico de mortes, a média móvel de fatalidades registrava 1 096 óbitos. Na quarta-feira, 14 de outubro, o número chegou a 502, taxa 54% inferior. Na comparação da estatística atual com a dos últimos catorze dias, a retração é de 29%. Os epidemiologistas trabalham com redução de 15% para considerar o movimento de queda consistente.

Houve ainda um outro feito inédito: a manutenção por três semanas consecutivas, em todo o país, de uma taxa de transmissão abaixo de 1, nível considerado de controle, segundo as balizas do rígido Imperial College, de Londres. O índice indica para quantas pessoas cada infectado transmite o vírus. Há três semanas ele está na casa de 0,93, o que significa que cada 100 pessoas doentes am o vírus para outras 93 — há, portanto, uma freada.

Há motivos de respiro, evidentemente, mas convém manter a cautela e a atenção. A inclinação na curva de mortes por Covid-19 é provocada por um conjunto de medidas práticas que não podem ser abruptamente abandonadas. A principal delas é o avanço de conhecimento no tratamento dos infectados pelo vírus. Ao longo dos meses, descobriram-se quem são os grupos de risco, a importância do diagnóstico e tratamento precoce dos infectados (e não só quando a infecção apresenta gravidade, como era defendido pela medicina nos primeiros meses), além de terapias eficazes contra a doença. As evidências mais recentes comprovaram que corticoides comuns reduzem a mortalidade de doentes graves quando aplicados no sétimo dia, por exemplo. A prática nos hospitais revelou também que quatro em cada dez mortes por Covid-19 ocorrem por causa de complicações cardíacas, informação até há pouco tempo desconhecida.

Do ponto de vista de comportamento da sociedade, a adoção irrestrita da máscara desempenhou papel fundamental (no início da crise sanitária, a própria Organização Mundial da Saúde indicava a proteção apenas para os infectados). “As medidas de proteção fazem grande diferença na involução da pandemia”, diz Julio Croda, infectologista da Fundação Oswaldo Cruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Outra hipótese para explicar a queda é a possibilidade de o vírus ter se tornado “menos virulento” — ou seja, teria evoluído de forma a causar uma enfermidade menos agressiva. Casos mais leves têm sido observados.

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É alvissareiro, ainda, enxergar o novo desenho da pandemia no Brasil quando se tem em mente a dimensão do país, pleno de contrastes. A imensidão geográfica fez com que as regiões enfrentassem a disseminação do vírus em momentos diferentes. Enquanto algumas estavam em alta, outras tinham os primeiros contatos com o microrganismo. É como se existissem micropaíses. Por isso, durante quatro meses, a curva se manteve em incômodo platô — sem uma variação abaixo ou acima de 15% nas mortes. Há, agora, inclinação consistente.

Atualmente, do total dos 26 estados e o Distrito Federal, dezenove estão em franca queda e outros sete apresentam estabilidade no número de mortes. Um dos exemplos mais simbólicos é São Paulo. O estado, que foi o primeiro a registrar um caso de Covid-19, em fevereiro, hoje tem uma média móvel de mortes de 124. É muito ainda, mas em patamar controlável. O reflexo pode ser visto nas taxas de ocupação nos leitos de UTI da região metropolitana. Em maio, elas chegaram a estrondosos 92%, e nesta semana haviam caído para 41%.

Há indícios suficientes para sugerir que o pior já ou e que o Brasil vislumbra meses de alguma normalidade. Não se trata, porém, de decretar o fim da travessia. Há um longo caminho a ser percorrido — e ressalve-se, tristemente, que o Brasil contava na quarta-feira 14 com uma média de mortos por milhão de habitantes, na totalidade de registros, de 713 — atrás apenas de São Marino, Peru, Bélgica, Andorra e Espanha. Haverá celebração justificada quando, enfim, surgir a vacina, e ela nunca esteve tão próxima. Mesmo com a suspensão de dois estudos com imunizantes ocorrida recentemente em decorrência de problema com segurança, outros dez imunizantes seguem na última etapa de testes. Três seguem em ensaios no Brasil: da AstraZeneca, da Sinovac Biotech e da Pfizer. E, por estar no epicentro dos principais estudos, o país terá preferência na reserva de doses. As notícias são boas, apesar de tudo, apesar da tragédia.

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Colaborou Alexandre Senechal

Publicado em VEJA de 21 de outubro de 2020, edição nº 2709

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