A versão que Flávio Dino contou ao STF sobre general testemunha de Cid 316j17
Ministro do tribunal foi testemunha ocular do que aponta como resistência dos militares na prisão de acampados em frente ao QG 3t5w2b

Na esteira do quebra-quebra promovido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no dia 8 de janeiro de 2023, o ministro Flávio Dino fez chegar a integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) bastidores de como militares e, em especial, o então comandante do Exército Júlio César de Arruda atuou para, na versão dele, impedir a entrada da polícia no acampamento que por meses abrigou manifestantes favoráveis a uma intervenção militar e antidemocrática no país.
Àquela altura Flávio Dino era ministro da Justiça e havia dado ordens à equipe do interventor, seu então braço direito Ricardo Cappelli, para “prender todo mundo” que horas antes havia depredado as sedes do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília.Tempos depois do que o Ministério Público classifica como o capítulo final de uma tentativa de golpe de Estado no país, Dino procurou integrantes do STF e relatou que Arruda estava “completamente alterado” com a chegada de forças policiais no QG do Exército e, com o dedo em riste, enfrentava tanto ele quanto outros integrantes do governo que estavam no local para efetuar a prisão dos baderneiros.
Arruda foi arrolado como uma das principais testemunhas de defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e delator premiado nos processos que investigam a tentativa de golpe de Estado no país. Na quinta-feira, 22, interrogado na Primeira Turma do STF, disse que a decisão de prender os golpistas havia sido dele e resumiu: “estava um clima de nervosismo. Eu disse que isso [prisões] tinha que ser feito de forma coordenada. Minha função era acalmar. E graças a Deus não houve morte”. Flávio Dino é hoje um dos integrantes da Primeira Turma do STF, colegiado responsável por julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 30 réus por crimes como abolição violenta do Estado Democrático e golpe.
Dino voltou a comentar detalhes do embate entre Executivo e militares na noite do dia 8 de janeiro em depoimento a VEJA por ocasião dos seis meses do dia 8 de janeiro de 2023. Disse ele: “Depois da destruição, deu-se um embate com os militares. Fui ao Quartel do Exército e disse que a gente ia prender todo mundo que estava no acampamento. Foi quando vi tanques saindo de uma ruazinha. Se alguém ainda tinha alguma dúvida de que um golpe estava em andamento, ela se dissipou naquele momento. A maioria do Alto-Comando torcia — e friso este verbo, torcia — para que o levante tivesse dado certo. Repeti sem parar para o comandante do Exército: ‘General, nós vamos pegar todos, sem exceção. É a minha ordem’. Ele tentou crescer para cima de mim. Teve dedos em riste de lado a lado. A adrenalina estava a mil. Eu repetia: ‘Estão todos presos, estão todos presos’. Ele dizia: ‘Não, não, não’”.