Vídeo: Emocionado, Lula chega a velório de Mujica e abraça viúva do ex-presidente uruguaio 7065k
Os líderes se conheceram em 2005 e nutriram uma amizade que foi além da proximidade ideológica 3x5eb

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aterrissou nesta quinta-feira, 15, na capital do Uruguai, Montevidéu, para o segundo dia do velório do ex-presidente uruguaio, José “Pepe” Mujica, morto aos 89 anos devido a um câncer no esôfago que sofreu metástase. A chegada do petista ocorre após uma viagem de quatro dias à China, voltada para “fortalecer laços” e fechar uma série de acordos econômicos.
“Que a coragem, a simplicidade e o amor que marcaram sua vida sigam nos ajudando a trilhar o caminho que ele escolheu: o da luta por um mundo mais justo”, disse o dirigente brasileiro em postagem no X, antigo Twitter. “E que o conforto chegue aos corações de sua amada, Lucía Topolansky, e de seu amigo e agora presidente do Uruguai, Yamandú Orsi.”
Eu e @JanjaLula estamos no Palácio Legislativo de Montevidéu, onde participamos da despedida do povo uruguaio – e de toda a América Latina – ao nosso querido José Pepe Mujica.
Que a coragem, a simplicidade e o amor que marcaram sua vida sigam nos ajudando a trilhar o caminho… pic.twitter.com/FwUNaesQRL
— Lula (@LulaOficial) May 15, 2025
Ao receber a notícia sobre o falecimento de Mujica enquanto estava em Pequim, Lula disse que “sua vida foi um exemplo de que a luta política e a doçura podem andar juntas” e “de que a coragem e a força podem vir acompanhadas da humildade e do desapego”. Ele relembrou que o uruguaio “combateu fervorosamente a ditadura que um dia existiu em seu país” e que “defendeu, como poucos, a democracia”, sem deixar de “militar pela justiça social e o fim de todas as desigualdades”.
“Sua grandeza humana ultraou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial. A sabedoria de suas palavras formou um verdadeiro canto de unidade e fraternidade para a América Latina. E sua forma de compreender e explicar os desafios do mundo atual continuará guiando os movimentos sociais e políticos que buscam construir uma sociedade mais igualitária”, escreveu no X.

Lula também foi visto confortando a viúva de Mujica, a ex-vice-presidente Lucía Topolansky. Assim como o marido, também foi presa na ditadura por fazer parte da militância. Eles se conheceram em 1971, quando eram guerrilheiros, se casaram em 2005, primeiro ano da presidência de Mujica, e nunca tiveram filhos. Ela também enveredou pela política, sendo senadora (2005-2017 e 2020-2022) e vice-presidente do Uruguai de 2017 a 2020. Na véspera à morte do marido, ela anunciou que o câncer havia alcançado a fase “terminal” e que Pepe estava em “cuidados paliativos”. Topolansky prometeu que continuaria com o marido até o fim.
“Estou com ele há mais de 40 anos e estarei com ele até o fim. Foi o que prometi. O que tentamos fazer é preservar a privacidade da nossa família, mas com um personagem como Pepe, é meio impossível “, acrescentou ela nesta segunda-feira, 12.
Amigos há duas décadas b3445
Mujica e Lula eram amigos de longa data. Os dois se conheceram em 2005, quando o uruguaio ainda era senador, na posse de Tabaré Vázquez, o primeiro presidente de esquerda do Uruguai após a redemocratização. O último encontro privado entre eles ocorreu na chácara de Mujica, na zona rural de Montevidéu, no fim do ano ado. Na ocasião, o líder brasileiro condecorou o revolucionário com a Ordem do Cruzeiro do Sul, a maior honraria concedida pelo Estado brasileiro a cidadãos estrangeiros. Mas a última vez que se viram foi em março, na posse do presidente do Uruguai, o esquerdista Yamandú Orsí.
Além do petista, o presidente do Chile, Gabriel Boric, que também estava na China para o fórum com a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), foi ao velório nesta quinta. Ao prestar homenagem no dia da morte de Mujica, o líder chileno mandou um “abraço a Lucía” e disse que o líder uruguaio deixou “a esperança insaciável de que as coisas podem ser feitas melhor” e a “convicção inabalável de que, enquanto nossos corações baterem e houver injustiça no mundo, vale a pena continuar lutando”. No entanto, desabafou: “Imagino que você esteja partindo preocupado com a amargura que o mundo vive hoje”.
O funeral teve início na quarta-feira 14 às 10h, com um cortejo que partiu do edifício da Presidência do Uruguai. De lá, ou pelas sedes do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T), grupo guerrilheiro que Mujica integrou, do Movimento de Participação Popular (MPP), único partido pelo qual foi filiado, e da Frente Ampla, coalizão de esquerda que englobava o MPP. A rota seguiu até o Salão dos os Perdidos do Palácio Legislativo, onde o corpo será velado até esta quinta-feira. Várias pessoas visitaram o caixão com flores e roupas estampadas com o rosto de Mujica.

Câncer ‘terminal’ 331r61
O ex-presidente uruguaio foi diagnosticado com um tumor no esôfago em abril do ano ado. Inicialmente, sua equipe médica havia informado que o câncer não era muito extenso, mas Mujica enfrentou uma série de sintomas adversos da radioterapia. Em setembro, ele foi hospitalizado três vezes em menos de dez dias e ou por um procedimento cirúrgico para colocar uma sonda no estômago.
Em janeiro, Pepe havia informado que, depois de realizar 32 sessões de radioterapia, não se submeteria a nenhum outro tratamento para se curar do câncer e pediu aos médicos que não o fizessem “sofrer às custas da família”. Na ocasião, ele fez um apelo durante a entrevista: “O que eu peço é que me deixem em paz. Não me peçam mais entrevistas nem nada. Meu ciclo acabou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso”.