O que escolha do nome do papa Leão XIV pode adiantar sobre seu pontificado 6e1i6c
Decisão vai na contramão das expectativas de Francisco, que esperava por um João XXIV, mas isso não significa um afastamento de seu legado 1l6q5z

O cardeal americano Robert Prevost, de 69 anos, escolheu nesta quinta-feira, 8, o nome papa Leão XIV para dar início ao seu pontificado. Trata-se da primeira vez que um religioso dos Estados Unidos é selecionado para comandar a Igreja Católica. A escolha do nome vai na contramão das expectativas do papa Francisco, morto em 21 de abril, que dizia (embora em tom de brincadeira) que gostaria que seu sucessor fosse João XXIV, indicando a continuidade do sopro de renovação trazido por João XXIII com o Concílio do Vaticano II.
Embora siga a linha franciscana, a escolha por outro nome manda um recado: “Mostra um papa que será forte em tempos de crise histórica”, adiantou o padre católico Ed Tomlinson ao jornal britânico The Independent. Antes dele, Gioacchino Pecci, que liderou a Igreja de 1878 a 1903, havia sido último a escolher o nome. Ele foi considerado um papa progressista e teve de lidar com questões espinhosas, incluindo como o catolicismo enxerga o socialismo e o capitalismo.
Na encíclica Rerum Novarum, o pontífice rejeitou os dois polos e tratou sobre as condições da classe trabalhadora, destacando o papel do Estado. O texto, inclusive, apela que “é preciso encontrar rapidamente um remédio oportuno para a miséria que pressiona tão injustamente a maioria da classe trabalhadora”. No entanto, ele defende a propriedade privada.
“Os elementos do conflito que agora grassa são inconfundíveis: na vasta expansão das atividades industriais e nas maravilhosas descobertas da ciência; nas relações transformadas entre patrões e operários; nas enormes fortunas de alguns poucos indivíduos e na pobreza extrema das massas; na crescente autoconfiança e na união mútua mais estreita das classes trabalhadoras; como também, finalmente, na degeneração moral prevalecente”, escreveu Leão XIII.
O papa também alerta que “outras dores e sofrimentos da vida não terão fim nem cessação na Terra; pois as consequências do pecado são amargas e difíceis de ar, e devem acompanhar o homem enquanto durar a vida”. Mas a encíclica, sobretudo, consagra Leão XIII como o pai fundador da tradição católica de justiça social. Espera-se, então, que o seu xará siga o mesmo caminho.
+ Trump reage a anúncio de primeiro papa americano: ‘Honra para nosso país’
Quem é Robert Prevost 6q3835
Prevost, nascido em Chicago, é visto como um clérigo que transcende fronteiras. Há muito tempo existe um tabu contra um papa americano, dado o poder geopolítico já exercido pelos Estados Unidos na esfera secular. Mas ele serviu por duas décadas no Peru, onde se tornou bispo e se naturalizou cidadão, e depois ascendeu a líder máximo de sua ordem religiosa, a de Santo Agostinho, que opera em cinquenta países e tem como foco a vida em comunidade e a igualdade entre seus membros.
Se papa Francisco era conhecido como “o argentino mais europeu possível”, devido à sua ancestralidade italiana, o jornal italiano La Repubblica chamou Provost de “o menos americano dos americanos” por sua fala mansa.
Antes de sua eleição como papa, ele ocupava um dos cargos mais influentes no Vaticano, como prefeito do Dicastério dos Bispos, que analisa as indicações de bispos do mundo todo. Como resultado, ao entrar na Capela Sistina para o conclave, desfrutava de uma proeminência que poucos outros cardeais tinham.
Dá para dizer que Francisco estava de olho nele há anos, transferindo-o da liderança agostiniana de volta ao Peru em 2014 para servir como e, posteriormente, arcebispo de Chiclayo. Até que o falecido pontífice o trouxe a Roma em 2023, para assumir a presidência da Pontifícia Comissão para a América Latina – e depois o Dicastério dos Bispos.