Netanyahu diz que Macron, Starmer e Carney estão ‘do lado errado da humanidade’ por criticarem Israel 5a5p6x
Primeiro-ministro se manifestou durante vídeo sobre assassinato de dois funcionários da Embaixada de Israel em Washington 1r1f72

Em um trecho de um vídeo com falas sobre o assassinato de dois funcionários da Embaixada de Israel em Washington, publicado nesta quinta-feira, 22, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez um ataque direto ao primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, ao presidente da França, Emmanuel Macron, e ao primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney.
Segundo Netanyahu, os três líderes estão “do lado errado da Justiça. Vocês estão do lado errado da humanidade e vocês estão do lado errado da história”.
“Esses três líderes efetivamente disseram que querem que o Hamas permaneça no poder. Eles querem que Israel recue e aceite que o exército de assassinos em massa do Hamas sobreviverá e se reconstruirá”, afirmou.
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As falas são uma resposta às declarações feitas pelos líderes mais cedo nesta semana, antes do assassinato dos funcionários israelenses, de que a expansão da operação de guerra de Israel em Gaza é desproporcional. As nações ameaçaram “ações concretas” contra Israel se o país não interrompesse uma nova ofensiva militar em Gaza e suspendesse as restrições de ajuda, em meio às preocupações com fome generalizada no enclave. O trio também se opôs “a qualquer tentativa de expandir os assentamentos na Cisjordânia” e afirmou que, apesar de apoiar o direito de defesa israelense, não ficaria “de braços cruzados enquanto o governo (de Benjamin) Netanyahu realiza essas ações atrozes”.
Mais cedo, nesta quinta, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, culpou uma atmosfera de “incitação antissemita e anti-Israel” pelos assassinatos dos funcionários da embaixada israelense em Washington.
As vítimas, um jovem casal identificado como Yaron Lischinsky e Sarah Lynn Milgrim, estavam do lado de fora de um evento para diplomatas no Museu Judaico da Capital quando foram mortos a tiros. O suspeito do ataque, um homem de 30 anos identificado como Elias Rodriguez, foi preso ao tentar entrar no museu e está sob custódia. Segundo policiais, o atirador gritou “Palestina Livre” ao ser contido pelos agentes.
Na quarta-feira, a União Europeia também anunciou que revisará os laços comerciais com Israel devido à crise humanitária, em decisão aprovada por maioria dos ministros dos 27 países membros.
“A situação em Gaza é catastrófica. A ajuda que Israel permitiu a entrada é, obviamente, bem-vinda, mas é uma gota no oceano. A ajuda deve fluir imediatamente, sem obstrução e em grande escala, porque é disso que precisamos”, disse Kallas a repórteres em Bruxelas.
Subida de tom 35j52
O alerta foi seguido por uma declaração conjunta assinada por 22 países, que exige que Israel e a “permitir a retomada total da ajuda a Gaza imediatamente e permitir que a ONU e as organizações humanitárias trabalhem de forma independente e imparcial para salvar vidas, reduzir o sofrimento e manter a dignidade”.
“Quero deixar registrado hoje que estamos horrorizados com a escalada de Israel”, reforçou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ao Parlamento do Reino Unido nesta terça-feira. “Precisamos coordenar nossa resposta, porque esta guerra já dura tempo demais. Não podemos permitir que o povo de Gaza morra de fome.”
Além disso, Starmer repetiu o apelo para um cessar-fogo em Gaza e argumentou que uma trégua era a única forma de libertar os reféns mantidos pelo grupo palestino radical Hamas. Ele disse, ainda, que a a quantidade básica de ajuda humanitária permitida por Israel é “completamente inadequada”.
Trata-se de um aumento do tom de uma gama de países contra a campanha militar israelense em Gaza. Ainda na segunda-feira, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, também apelou para que Israel seja excluído de eventos culturais internacionais. Ele destacou que não se deve “permitir padrões duplos, nem mesmo na cultura” e criticou aqueles que defendem “um setor cultural insípido, silencioso e equidistante”.
“Acredito que ninguém ficou chocado há três anos, quando a Rússia foi solicitada a se retirar de competições internacionais após a invasão da Ucrânia e a não participar, por exemplo, do Eurovision. Portanto, Israel também não deveria fazer isso”, opinou o premiê espanhol.
Entrada de ajuda humanitária 3o5y6j
As Forças de Defesa de Israel (FDI) aceitaram a entrada nesta segunda-feira de caminhões com suprimentos em Gaza, poucas horas depois de Netanyahu anunciar, em meio à forte pressão internacional, a liberação do transporte de mantimentos, que estava bloqueado desde 2 de março. Ao todo, segundo as FDI, cinco caminhões com itens que incluem alimentos para bebês entraram no enclave palestino pela travessia de Kerem Shalom, na tríplice fronteira entre Israel, Egito e Faixa de Gaza.
Antes do anúncio, o primeiro-ministro israelense havia afirmado que Israel irá “tomar controle” de toda a Faixa de Gaza, na esteira do anúncio da retomada de operações terrestres no final de semana e de extensos ataques aéreos que deixaram mais de 100 mortos e destruíram instalações médicas no norte do enclave no domingo, 18.
Na terça-feira, 20, as Nações Unidas afirmaram que ainda nenhuma ajuda humanitária foi distribuída na Faixa de Gaza, um dia após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, permitir a entrada de suprimentos pela primeira vez desde 2 de março. O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse que dezenas de caminhões de farinha, remédios e suprimentos nutricionais entraram no enclave, mas que o processo israelense de verificação tem sido lento, enquanto quase toda a população de Gaza enfrenta “risco crítico” de fome.
“As autoridades israelenses estão exigindo que descarreguemos suprimentos no lado palestino da agem de Kerem Shalom e os recarreguemos separadamente assim que garantirem o o da nossa equipe de dentro da Faixa de Gaza”, explicou Dujarric, ao informar a demora para a distribuição dos produtos.
“Hoje, uma de nossas equipes esperou várias horas pela autorização israelense para ar a área de Kerem Shalom e coletar os suprimentos nutricionais. Infelizmente, eles não conseguiram trazer esses suprimentos para o nosso depósito”, acrescentou na ocasião.
Fome generalizada 4n2d4h
A população da Faixa de Gaza, composta por 2,3 milhões de pessoas antes da guerra, está em “risco crítico” de fome e enfrenta “níveis extremos de insegurança alimentar”, apontou um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), apoiada por agências das Nações Unidas, grupos de ajuda e governos.
O documento indicou que o cesar-fogo, que durou de janeiro a março, “levou a um alívio temporário” em Gaza, mas as novas hostilidades israelenses “reverteram” as melhorias. Cerca de 1,95 milhão de pessoas, ou 93% da população de Gaza, vivem níveis de insegurança alimentar aguda. Desse número, mais de 244 mil enfrentam graus “catastróficos”. A fome generalizada, segundo a pesquisa, é “cada vez mais provável” no território. No momento, meio milhão de palestinos, um em cada cinco, estão famintos em Gaza.