Militares e oposição assinam acordo para dividir o poder no Sudão 1q6r5
Conselho Militar chegou ao poder após destituição do ditador Omar al-Bashir e vinha reprimindo manifestações populares com violência f61t

A junta militar que controla o Sudão e os líderes do movimento de protesto no país am nesta quarta-feira, 17, um acordo para compartilhar o poder, após a destituição do ditador Omar al-Bashir e meses de manifestações brutalmente reprimidas.
Esta madrugada, depois de negociações que duraram toda a noite, as duas partes am uma “declaração política”, o primeiro o em direção a um governo civil, a principal reivindicação do movimento de contestação.
O acordo prevê a criação de um Conselho Soberano composto por cinco militares e seis civis, presidido por um representante militar e um civil, que será responsável pela transição por um período de pouco mais de três anos.
Os militares presidirão esta instância durante os primeiros 21 meses da transição e os civis assumirão os próximos 18 meses.
No entanto, discussões ainda precisam ser realizadas nos próximos dias sobre outros pontos, especialmente sobre a questão da “imunidade absoluta” exigida pelos militares no poder e rejeitada pelo movimento de protesto.
O Conselho Militar chegou ao poder após a destituição do presidente Al-Bashir pelo Exército em 11 de abril, depois de quase 30 anos à frente do país.
“Nova era” 1h112p
Após a reunião em um hotel de luxo em Cartum, o número dois do Conselho Militar, Mohamed Hamdan Daglo, conhecido como “Hemeidti” e comandante das temidas Forças de Apoio Rápido (RSF), comemorou um momento “histórico”.
Depois de suas iniciais no documento, afirmou que tal o abre “uma nova era promissora de colaboração entre as forças armadas, as RSF e os líderes da gloriosa revolução sudanesa”.
“Hoje assinamos a declaração política”, disse Ibrhaim al-Amin, um dos líderes dos protestos. “Na sexta-feira retomaremos as negociações sobre o documento constitucional”, acrescentou.
As conversas foram adiadas várias vezes nos últimos dias.
O Conselho Militar e a Aliança pela Liberdade e a Mudança (ALC), que lidera o movimento contestatório, “concluíram um acordo muito importante que constitui um o crucial para uma reconciliação global”, declarou o mediador da União Africana (UA), Mohamed El-Hacen Lebatt, depois de ter assinado o texto.
Desde o anúncio de um acordo sobre um rascunho em 5 de julho, através da mediação da UA e da Etiópia, todos os olhares se voltaram para o Conselho Militar.
No último minuto, os generais exigiram uma “imunidade absoluta” para aqueles íveis de serem julgados pela repressão das manifestações, que abalaram o país desde 19 de dezembro.
Em 3 de junho, homens armados dispersaram violentamente um protesto de milhares de pessoas em frente ao quartel-general do Exército em Cartum. Esta operação, cujos perpetradores ainda não foram identificados, deixou 136 mortos e centenas de feridos.
Nas últimas semanas, além de um “governo civil”, os manifestantes exigem nas ruas que os responsáveis pela repressão sejam julgados.
Pouco antes da reunião de terça-feira à noite, o porta-voz da Associação de Profissionais do Sudão (SPA), que faz parte dos protestos, Ismail al-Taj, foi categórico: “Rejeitamos a imunidade absoluta que os militares no poder exigem”.
A criação de um Parlamento de transição e a retirada das milícias ainda presentes em Cartum e em outras cidades também são questões ainda pendentes.
Na segunda-feira 15, protestos foram organizados em vários bairros da capital sudanesa, após a morte de um homem baleado no sudeste do país durante uma manifestação exigindo a saída das RSF de sua cidade.
Seis civis morreram “nas mãos das milícias Janjawid” desde sábado 14, acusou na terça um comitê de médicos.
As RSF, consideradas a personificação das milícias árabes de Janjawid que aterrorizaram Darfur no conflito que devasta esta província desde 2003, são acusadas de serem responsáveis pela repressão de 3 de junho.
“Hemeidti” nega qualquer responsabilidade dessas forças pelas mortes e denuncia uma tentativa de manchar sua imagem.
(Com AFP)