Guiana denuncia ataques contra militares em Essequibo, na fronteira com Venezuela 6s1439
Ataque ocorre poucos dias antes de eleições para governador convocadas por Nicolás Maduro 431s1t

Soldados guianenses foram atacados três vezes nas últimas 24 horas na fronteira com a Venezuela, anunciou a Força de Defesa da Guiana (GDF) nesta quinta-feira, 15. Homens armados abriram fogo contra tropas que patrulhavam as proximidades do Rio Cuyuní, localizado em Essequibo, região rica em petróleo, gás, ouro e diamantes disputada por ambos os países e onde o regime de Nicolás Maduro planeja eleger autoridades regionais e parlamentares em uma eleição na próxima semana.
“Em cada ocasião, a Força de Defesa da Guiana executou uma resposta ponderada, e nenhum militar ficou ferido”, afirmou um comunicado divulgado nesta quinta. A GDF prometeu que “continuará a responder aos atos de agressão ao longo da fronteira entre Guiana e Venezuela”.
O ataque ocorre poucos dias antes das eleições para governador em Essequibo, convocadas por Maduro para 25 de maio, embora a Guiana tenha acionado a Corte Internacional de Justiça (CIJ), mais alto tribunal das Nações Unidas, para que “ordene à Venezuela que se abstenha de qualquer ato dentro de seu território soberano”. O comunicado também destacou que considera o plano de realizar um pleito no território disputado “uma violação flagrante”.
A região conturbada, de 160 mil km², compõe 74% do território da Guiana, país que istra a área desde 1996, ano em que declarou independência do Reino Unido. A Venezuela contrapõe que o local foi retirado de seu domínio pela arbitrária Sentença de Paris, de 1899. Estima-se que, por lá, existam reservas de 11 bilhões de barris. A maior parte estaria offshore, ou seja, no mar. Por causa das reservas fósseis, a Guiana tornou-se o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.
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Anexação de Maduro 4m15c
Maduro anexou a região como “Guiana Essequiba” ao mapa da Venezuela após promulgar a chamada Lei Orgânica para a Defesa de Essequibo, que conta com 39 artigos. Em 2023, o líder venezuelano realizou um referendo para tratar do tema, e 95% dos eleitores do país foram a favor da incorporação da região, numa votação que a comunidade global qualificou de ilegítima e que atraiu uma parcela baixíssima da população às urnas.
O artigo 25 impede que apoiadores do governo da Guiana ocupem cargos públicos ou disputem cargos eletivos. A lei também proíbe que seja divulgado um mapa da Venezuela sem a inclusão de Essequibo. Na época, Maduro afirmou que a nova legislação será cumprida ao “pé da letra” e que “o tempo da dominação colonial, o tempo da subordinação na Venezuela acabou para sempre”.