Em Mianmar, budistas mataram rohingyas e queimaram suas casas 6kd8
Moradores budistas que consideram a minoria muçulmana como imigrantes indesejáveis de Bangladesh assumiram as mortes ocorridas em setembro 3y245h

Amarrados juntos, dez cativos rohingyas viram seus vizinhos budistas cavarem uma vala. Pouco depois, na manhã de 2 de setembro, todos os dez estavam mortos. Ao menos dois deles morreram decapitados por moradores budistas, e os outros foram baleados por soldados, segundo relataram dois daqueles que abriram a vala.
As mortes marcaram mais um episódio da violência que assola o Estado de Rakhine, no norte de Mianmar. Os rohingyas acusam o Exército de cometer incêndios criminosos, estupros e assassinatos. A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que o Exército pode ter cometido genocídio. Mianmar diz que sua “operação de libertação” é uma resposta legítima a ataques de insurgentes.
Os rohingyas afirmam estar presentes em Rakhine há séculos, mas grande parte dos habitantes do país de maioria budista os considera imigrantes muçulmanos indesejáveis de Bangladesh. O Exército se refere aos rohingyas como “bengalis”, e a maioria não tem cidadania.
Nos últimos anos o governo confinou mais de 100.000 rohingyas em campos onde têm o limitado à alimentação, remédios e educação. Desde agosto, quase 690.000 deles fugiram de seus vilarejos e cruzaram a fronteira com Bangladesh.
A Reuters apurou o que aconteceu nos dias que antecederam o massacre em Inn Din, amparando-se pela primeira vez em entrevistas feitas com moradores budistas que confessaram ter incendiado casas de rohingyas, enterrado corpos e matado muçulmanos.
Esta foi a primeira vez em que soldados e policiais paramilitares foram implicados por testemunhos de agentes de segurança. Três fotos, fornecidas à Reuters por um ancião budista de um vilarejo, flagraram momentos cruciais, da detenção de homens rohingyas por parte de soldados no início da noite de 1º de setembro à sua execução pouco depois das 10h do dia seguinte.
A investigação da Reuters levou autoridades policiais a prenderem dois dos repórteres da agência, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, em 12 de dezembro, por supostamente terem obtido documentos confidenciais relacionados à Rakhine. No dia 10 de janeiro os militares emitiram um comunicado que confirmou parte do que a Reuters estava se preparando para relatar, itindo que 10 homens rohingyas foram massacrados em Inn Din.
Mas a versão dos militares para o acontecimento é refutada em aspectos importantes por relatos fornecidos à agência por budistas de Rakhine e testemunhas rohingyas.