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De Tolkien a Dostoiévski, novo livro mostra as influências literárias do papa Francisco 1z5h32

Outros nomes como Dante, Virgílio e Borges constam na edição compilada pelo padre jesuíta Antonio Spadaro, que traz prefácio do pontífice 36306a

Por Cinthia Rodrigues, de Roma 4 mar 2025, 14h13

O papa Francisco sempre demonstrou grande apreço pela poesia e pela literatura, considerando-as essenciais para a formação humana e espiritual. Agora, suas reflexões sobre o tema foram reunidas no livro “Viva a poesia!”, lançado nesta terça-feira, 3, pela editora Edizioni Ares.

A obra, organizada pelo padre Antonio Spadaro, traz todos os escritos do pontífice assinados ao longo de seu pontificado e é lançada em meio a um cenário complexo, com Francisco internado há 19 dias no hospital público Gemelli, em Roma.

No prefácio do livro, o papa afirma que a poesia é essencial para a liberdade interior e a criatividade. “Gosto muito de poesia, é cheia de metáforas. Compreendê-las ajuda a tornar o pensamento ágil, intuitivo, flexível, perspicaz. Quem tem imaginação não se torna rígido, tem senso de humor, desfruta sempre da doçura da misericórdia e da liberdade interior”, escreve.

A obra traça um panorama das influências literárias do Santo Padre, que vão de Dante Alighieri (1265-1321) a Fiódor Dostoiévski (1821-1881), de Virgílio (70 a.C.-19 a.C.) a Jorge Luis Borges (1899-1986), ando por Friedrich Hölderlin (1770-1843), J. R. R. Tolkien (1892–1973), entre outros. Além disso, o livro traz um manuscrito inédito de Francisco, no qual ele destaca a importância de recuperar o gosto pela literatura na vida cotidiana e na formação acadêmica.

O organizador do livro, padre Antonio Spadaro, relata que para o papa Francisco, a poesia e a literatura são essenciais para a fé, pois ajudam a construir imagens poderosas que tornam as verdades religiosas mais íveis. “Um dos grandes problemas da fé hoje é a falta de imagens capazes de expressar suas verdades. A poesia, portanto, para o papa, é a sintaxe da ação, um exercício de criatividade e liberdade”, explica Spadaro.

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A obra também traz uma entrevista com um ex-aluno de Jorge Mario Bergoglio, dos tempos em que ele era professor de Literatura em Buenos Aires. O depoimento oferece uma visão única sobre o método de ensino do futuro líder catolico e sua relação com a literatura, mostrando que sua sensibilidade pelos livros já era evidente antes do sacerdócio.

O padre Antonio Spadaro é jesuíta, teólogo e crítico literário. Nascido em Messina, Itália, em 1966, foi diretor da revista La Civiltà Cattolica e atualmente é subsecretário do Dicastério para a Cultura e a Educação do Vaticano. Em 2013, foi o responsável pela primeira grande entrevista com o papa Francisco, publicada sob o título “Minha porta está sempre aberta”.