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Na Superquarta, a dúvida não é se, mas quanto

Ao contrário do Fed que deve manter os juros inalterados, aqui a expectativa é de elevação, mas a dúvida reside na magnitude: subir 0,25 ou 0,5 ponto percentual

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 Maio 2025, 19h47 - Publicado em 5 Maio 2025, 17h33

Nesta quarta-feira, 7, os holofotes da política monetária global se voltarão, mais uma vez, a dois palcos muito distintos: Washington e Brasília. Em ambos, a atenção é grande, mas a natureza da ansiedade que paira sobre os mercados é profundamente distinta. Se, nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) dá sinais de que pretende apenas ganhar tempo, o Banco Central do Brasil caminha sobre uma corda bamba: precisa adotar uma postura técnica capaz de reancorar expectativas e reafirmar sua independência, sem, no entanto, estrangular a atividade econômica.

A expectativa majoritária para a reunião do Fed é de manutenção dos juros no atual patamar. Mas os investidores não estarão atentos às taxas em si. O que se busca do presidente da instituição, Jerome Powell, são pistas, por mais sutis que sejam, sobre os próximos os em meio ao aumento do ruído político. Alvo de ataques cada vez mais incisivos do presidente Donald Trump — que voltou à cena com sua retórica protecionista e críticas às taxas de juros elevadas —, Powell pode buscar adotar um tom contido, evitando alimentar ainda mais a tensão entre o Fed e a Casa Branca. “O Fed não deve querer se comprometer com nada enquanto tenta entender os efeitos das novas tensões geopolíticas e comerciais. “É uma reunião para ganhar tempo”, diz Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.

No Brasil, o panorama é outro. Ao contrário do Fed que deve manter os juros inalterados, aqui a expectativa é de elevação, a dúvida reside na magnitude: subir 0,25 ou 0,5 ponto percentual. As apostas do mercado variam mais do que o habitual, refletindo a complexidade do momento atual. “Faz tempo que não chegamos a uma reunião com tamanha amplitude de expectativas”, diz Cunha. A BGC espera um aumento de 0,5 ponto nesta semana, com uma alta final de 0,25 em junho, encerrando o ciclo em 15%.

No entanto, há quem projete uma Selic terminal em 14,5%, enquanto outros ainda trabalham com a possibilidade de 15,25%. A razão para essa dispersão está tanto no cenário doméstico quanto no internacional. A inflação brasileira segue sinalizando estouro da meta, tanto neste quanto no próximo ano. Apesar do Boletim Focus, relatório semanal do BC, trazer pela terceira semana consecutiva revisão pra baixo no IPCA, indo agora para 5,53% no fim do ano, a inflação segue bem distante da meta de 3%, com margem de tolerância em até 4,5%.

“Acredito que o Banco Central tende a adotar uma postura técnica mais firme para reancorar expectativas e reforçar sua independência institucional, diante desse contexto, uma nova alta — ainda que moderada — funcionaria como sinal de vigilância e compromisso com a estabilidade de preços, mesmo diante do impacto sobre a atividade econômica”, diz Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimento.

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Uma parcela menor do mercado aposta em uma alta mais branda, de 0,25 ponto percentual, apoiada na recente valorização do real frente ao dólar e na queda dos preços internacionais do petróleo — dois elementos que, juntos, contribuem para aliviar as pressões inflacionárias em setores estratégicos da economia. “O dólar mais comportado e o petróleo mais barato têm ajudado na composição inflacionária”, afirma Marcos Moreira, sócio da WMS Capital.  “Acredito que isso pode aliviar um pouco a pressão com relação aos juros aqui no Brasil, mas mantemos nossa projeção de alta de 0,5 ponto percentual nesta reunião”, diz.

Nesse contexto, muitos analistas apostam que o Copom optará por uma comunicação ambígua: um aperto adicional, mas com linguagem que sinalize o fim do ciclo. “O BC não deve bater o martelo sobre o fim da alta, mas deve dar sinais sutis, mencionando o enfraquecimento da atividade e o agravamento do cenário externo”, diz Helena Veronese, economista-chefe da B.side. Para ela, a decisão tende a ser unânime, com um tom ainda vigilante, mas já reconhecendo os limites do atual aperto.

 

 

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