Instituições financeiras apontam mais cautela na demanda por risco, diz BC

Relatório de Estabilidade Financeira divulgado hoje pelo Banco Central mostra que o financiamento à economia real continuou acelerando

Por Juliana Machado SEGUIR SEGUINDO 29 abr 2025, 12h28

Governo registra superávit primário e dívida pública recua em janeiro de 2025, segundo o Banco Central — Sede do Banco Central, em Brasília (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O financiamento à economia real continuou a acelerar no segundo semestre de 2024, com movimento mais demarcado no crédito bancário às pessoas físicas, em que o destaque foi o financiamento de veículos e crédito não consignado. A despeito disso, as instituições financeiras indicam mais cautela com a demanda por risco em 2025. A constatação é do Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central, divulgado nesta terça-feira, 29.

Segundo o documento, para as pessoas jurídicas, houve aumento nas contratações de crédito, beneficiando empresas de todos os portes. Mesmo com essa aceleração do crédito, porém, as instituições financeiras “indicam maior cautela em 2025, com menor tolerância ao risco”.

“Apesar da melhora na renda, do emprego e do nível de atividade surpreendendo positivamente, o comprometimento de renda das famílias encontra-se historicamente alto e em ascensão”, afirma o material.

Desse modo, o risco de crédito tende a crescer no médio prazo, mesmo com a melhora no curto prazo. Ainda assim, o sistema financeiro segue “bem provisionado”, com novas regras contábeis “reforçando sua robustez”.

“O sistema bancário permanece sólido e resiliente, embora alguns bancos enfrentem restrições à distribuição de lucros em cenários adversos”, afirma o relatório.

O BC também aponta, no texto, que o atual ciclo de aumento da taxa de juros terá forte impacto para as empresas não financeiras, mas de forma mais moderada do que na recessão de 2015 a 2016. Além disso, a concentração no sistema financeiro teve redução em 2024, seguindo a tendência dos últimos anos, com a queda na participação das instituições bancárias tradicionais e aumento de cooperativas de crédito e outras instituições não bancárias.