Economia

Demanda global por energia de data center aumentará 16% ao ano até 2028, aponta BCG

A consultoria projeta um investimento maciço de 1,8 trilhão de dólares em data centers até 2030

Por Camila Pati SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 2 jun 2025, 16h39 - Publicado em 2 jun 2025, 15h30

cabos de computador — Cabos: boa conectividade do Brasil impulsiona o país na corrida por datacenters (Lightsaber Collection- Unsplash/Reprodução)

Para dar e aos avanços da tecnologia, o mundo precisa de mais data centers o que consequentemente impulsiona a demanda global por energia. Estudo recente do Boston Consulting Group (BCG) indica que a demanda global por energia vai aumentar 16% ao ano até 2028. A pesquisa, intitulada “Breaking Barriers to Data Center Growth”, projeta um investimento maciço de 1,8 trilhão de dólares em data centers até 2030.

Hoje os data centers consomem 2% da energia do mundo e esse consumo aumenta cerca de 12% ao ano”, diz Ricardo Pierozzi, diretor executivo e sócio do BCG. O aumento no ritmo de crescimento é explicado pelo avanço da inteligência artificial. “O nosso estudo mostra que a IA responde por 60% dessa demanda de energia”, diz ele. A inteligência artificial generativa precisa de muita energia, tanto para criar os modelos, os Large Language Models (LLMs), quanto para processar consultas.

Empresas como Amazon, Meta, Microsoft e Google são os principais impulsionadores do crescimento, responsáveis por 60% do aumento projetado e elevando sua participação na demanda de energia para 45% até 2028, segundo o BCG.

O estudo aponta os entraves para o aumento dos data centers no mundo. “O mercado que hoje tem, ele tem o gargalo na oferta e não na demanda de capacidade para inteligência artificial, claramente”, diz o sócio da consultoria. Segundo ele, especialmente até 2028, esses investimentos serão limitados pela disponibilidade de hardware, principalmente no que diz respeito a processadores de inteligência artificial.

Depois de 2028, a expectativa é que se supra a demanda de hardware, mas outro gargalo entra em cena. “A falta de infraestrutura vai limitar esse crescimento”, diz ele citando limitações da própria energia, espaço, cadeira de suprimentos. “Tudo isso está muito estressado hoje, com pedidos além do que se pode atender”, diz.

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Os Estados Unidos concentram mais de 60% dos datacenters do mundo, mas países como o Brasil tem potencial para se beneficiar dessa demanda crescente, por conta de diversas qualidades. “O Brasil tem uma boa conectividade de dados, uma posição geográfica interessante, não muito distante dos Estados Unidos e Europa, e quase 90% da nossa energia renovável, um atributo considerado relevante para esse tipo de demanda”, diz.

Por outro lado, a carga tributária alta pode espantar investimento, assim como a demora na aprovação de projetos. “Se a gente consegue trabalhar nesses elementos, o Brasil tem boas condições de pegar essa demanda represada”, diz.

Com a promessa de isenção fiscal, segurança jurídica e energia limpa, o ministro Fernando Haddad lançou recentemente um plano para transformar o Brasil em polo global de data center. Oferecer isenção fiscal e segurança jurídica são parte da estratégia do governo que espera atrair até 2 trilhões de reais em investimentos na próxima década em projetos de infraestrutura digital sustentável.