Como McDonald’s e C&A usam a inteligência artificial para vender mais e perder menos
Tecnologia da Adyen é capaz de cruzar milhões de dados em tempo real, simplificar operações, aumentando vendas e diminuindo fraudes

Renato Migliacci, vice-presidente de vendas da Adyen Brasil, costuma falar que todo mundo já usou o serviço da Adyen e não sabe. Presente nas transações de gigantes como iFood, McDonald’s, Uber, C&A, a multinacional atua nos bastidores dos pagamentos, garantindo que compras no cartão, Pix ou carteiras digitais aconteçam sem ruído. “Eu brinco que você só pensa que pagamentos existem quando ele falha. Se ele não falhar, segue o jogo”, diz.
Em abril, a multinacional lançou uma solução com uso de inteligência artificial que chegou com bons resultados. “A gente já trabalha com inteligência artificial desde 2020. O que mudou é que agregamos todas as soluções que antes olhavam para perspectivas diferentes em um único pacote”, diz Migliacci.
De acordo com o executivo, o novo sistema, batizado de Uplift, foi experimentado em escala global, com envolvimento de centenas de profissionais da empresa e de clientes, em diferentes setores. O objetivo foi garantir que o modelo fosse eficiente na detecção de fraudes e na validação de transações legítimas — inclusive de novos consumidores. No Brasil, a Arcos Dourados, responsável pelo McDonald’s no Brasil, e a varejista C&A estão entre as empresas usam IA na área de pagamentos e estão vendendo mais e evitando perdas.
O diferencial da ferramenta está no fato de que ela ataca três pontos centrais para o varejo: aumentar a taxa de aprovação das compras, reduzir fraudes e cortar custos operacionais. “Trabalhamos com dados de mais de 1,3 trilhão de dólares processados no ano ado. É uma quantidade massiva de transações que agora está sendo usada para que nossos clientes vendam mais, com mais segurança e eficiência financeira”, afirma o vice-presidente de Vendas da Adyen Brasil.
A IA usa os dados em tempo real para prever o comportamento de quem está comprando. Em vez de bloquear uma transação só porque parece fora do padrão, o sistema cruza de dois a cinco pontos de dados — como o dispositivo usado, local da compra, horário, tipo de produto — e decide se aquela compra é confiável. Tudo isso sem violar a privacidade do consumidor.
“Mesmo que você esteja comprando pela primeira vez em um site, a gente já sabe se você é um bom cliente. Os dados são coerentes? Já houve comportamento de fraude? Tem recorrência de consumo? Tudo isso é analisado”, explica Migliacci. O processo atende às exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e do GDPR, na Europa.
No McDonald’s, o uso da tecnologia permitiu um aumento na taxa de aprovação das compras. Ao mesmo tempo, o número de transações contestadas se manteve estável, mesmo com o crescimento no volume de autorizações. “Nesse caso do McDonald’s, a taxa de fraude caiu para 0,15% e a taxa de autorização aumentou 2,6 pontos percentuais. Eu vendo mais e controlo o meu índice de risco — é o cenário ideal para qualquer negócio.”
Outro efeito foi a simplificação operacional. Antes, mais de 200 regras manuais eram necessárias para configurar as operações de pagamento. Com a IA, esse número caiu para 15 — uma redução de 90%.
Na C&A, a taxa de aprovação cresceu 4,7% nos seis primeiros meses após a adoção da tecnologia. Segundo a empresa, isso representou R$ 24 milhões em vendas que, sem a IA, teriam sido perdidas por falhas de pagamento. No mesmo período, a queda nas fraudes e nos estornos gerou uma economia de R$ 1 milhão.