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Com taxação e recuo, Haddad gera caos ao estilo Trump

O governo Lula conseguiu a façanha de adotar, ao mesmo tempo, duas táticas desastrosas ao divulgar medidas para aliviar as contas públicas

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 Maio 2025, 12h45 - Publicado em 23 Maio 2025, 12h13

A equipe econômica do governo Lula conseguiu a façanha de adotar, ao mesmo tempo, duas táticas desastrosas ao divulgar medidas para aliviar as contas públicas. A primeira foi anunciar uma medida de contenção de gastos, o que gerou otimismo nos investidores, junto com aumento de imposto, o que teve o efeito contrário. Ou seja, a boa notícia foi anulada e até superada pela má notícia. A segunda atitude foi a maneira como se deu o recuo parcial em relação a uma das cobranças adicionais de imposto: a confusão já estava instalada e a volta atrás não vai ser capaz de consertar os estragos iniciais. Lembrou a tática que vem sendo adotada pelo presidente americano Donald Trump nas últimas semanas na sua política comercial: as idas e vindas nos anúncios de tarifas de importação apenas geram incertezas entre investidores e empresários, fazendo com que todos percam.

Já se sabia que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, iria anunciar novas medidas fiscais nesta quinta-feira, 22. Mas o tamanho da contenção de gastos previsto pelo governo foi uma surpresa positiva, pois veio maior do que o esperado: 31 bilhões de reais de contingenciamento no orçamento deste ano, o que poderia ajudar a cumprir a meta fiscal. A informação vazou na imprensa antes do anúncio oficial e os investidores se animaram, fazendo o Ibovespa disparar.

Por pouco tempo. Ocorre que logo depois veio a informação de que, além do congelamento de despesas, o governo adotaria também uma medida arrecadatória, aumentando a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em algumas situações, como aportes acima de 50.000 reais em fundos de previdência VGBL, compras no exterior no cartão de crédito e empréstimos para empresas. Taxad atacava novamente e o mercado reagiu. Na manhã desta sexta-feira, na abertura da bolsa, o Ibovespa desabou mais de 3.000 pontos em apenas 20 minutos.

O episódio lembrou o erro tático cometido pelo governo no final do ano ado, quando Haddad foi à TV para anunciar cortes de gastos e, ao mesmo tempo, o plano de dar isenção de Imposto de Renda para quem ganha até 5.000 reais por mês. Ou seja, uma medida de aperto fiscal junto com uma perda de arrecadação: uma verdadeira bomba para os cofres públicos.

Desta vez, o desespero bateu mais rápido no governo. Diante das críticas em relação ao pacote como um todo, mas principalmente quanto à cobrança do IOF sobre remessas para fundos de investimento no exterior, Haddad voltou atrás só nesse ponto. O recuo em si pode estar correto, mas ou a impressão — certeira — de que a equipe econômica não consegue prever o efeito de suas decisões ou, o que é pior, não tem a menor ideia do que está fazendo. É tudo na base da improvisação?

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Vai levar dias para se conseguir amenizar o impacto das novas regras de cobrança do IOF. O residual da história, porém, não será desfeito nunca: a noção de que este governo só conhece um caminho para equilibrar os cofres públicos, que é o de aumentar impostos.

O governo Lula parece ter absorvido o estilo Trump de governar. Primeiro, anuncia medidas draconianas que deixam empresários em pânico e provocam caos nas bolsas de valores. Depois, recua parcialmente na esperança de gerar um otimismo sem lastro na realidade, com todos comemorando pelo cenário menos pior. A diferença é que Trump faz isso de propósito. No caso do governo brasileiro, as idas e vindas são fruto apenas da incompetência.

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