Cenário de juros altos sob Galípolo ‘já estava precificado’, diz Lula
Arrefecimento das críticas do Planalto ao BC não se deve à presença de Galípolo, segundo o presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a razão para suas críticas ao Banco Central (BC) terem arrefecido neste ano não é a presença de Gabriel Galípolo, seu indicado, na presidência da autoridade monetária. “Não é por conta disso”, disse o presidente ao ser questionado sobre o assunto durante coletiva de imprensa nesta terça-feira, 3. Em seguida, Lula justificou: “O que está acontecendo (demora na queda dos juros) já estava precificado. A gente já sabia que ia acontecer”. O presidente reforçou a mensagem de que os juros estão muito elevados, mas disse estar confiante de que o Banco Central, comandado por Galípolo, vai “tomar a atitude correta” e reduzir a taxa Selic. Há razão para o corte dos juros, segundo Lula, que afirma que “a inflação está controlada”.
O presidente fez outra avaliação que, dessa vez, veio em linha com o que tem sido apontado pelo próprio presidente do Banco Central. Lula lembrou que, apesar da taxa-básica de juros (Selic) estar fixada em 14,75% ao ano, a economia brasileira segue resiliente. “É que tem muito crédito para o movimento, para os pequenos agricultores, para os microempreendedores, para os médios empreendedores”, disse o presidente da República. “Há muito crédito neste país, e nós queremos mais crédito para fazer com que a economia cresça mais”. Minutos antes, Lula anunciou que o governo federal pretende lançar duas novas linhas de crédito em breve, uma para reformas de domicílios e outra para financiar compras de motocicletas por entregadores. Lula voltou a criticar o consenso econômico de que a inflação só vai ceder se a economia desacelerar. “Às vezes fico chateado quando vejo alguém dizendo ‘não, a economia está crescendo e vai causar inflação’”, disse. “É preciso encontrar outro jeito para controlar a inflação”.