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Castello Branco pedia privatizações e preços internacionais na Petrobras

Em manifestações anteriores a sua indicação, próximo presidente da estatal indicou ser a favor de políticas liberais e desestatizantes para a companhia

Por Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 nov 2018, 17h45 - Publicado em 19 nov 2018, 15h14

Roberto da Cunha Castello Branco tem o perfil liberal buscado pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, para compor a linha de frente econômica do novo governo. Com experiência no setor público e membro da academia  ele é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) , as ideias do economista, anunciado nesta segunda-feira, 19, como o próximo presidente da Petrobras, vão ao encontro do que pensa Guedes e do que previa o plano de governo de Jair Bolsonaro (PSL). Por outro lado, algumas dessas ideias colocaram a estatal em rota de colisão com caminhoneiros, que pararam o país em maio deste ano.

O ex-presidente da estatal Pedro Parente, quando assumiu o controle da gigante brasileira após a posse do presidente Michel Temer, rompeu com a política de controle de preços e iniciou a era dos rees automáticos de preços internacionais. O fim dessa histórica aconteceu em maio deste ano, com a greve dos caminhoneiros, que cobrava uma redução no custo do diesel e mudanças na nova política. Parente caiu em meio às pressões da classe. E mais do que isso: o governo implementou um subsídio ao diesel para baratear o combustível nas bombas.

O governo teve de pagar caro pela volta da normalidade, e parte da culpa foi colocada sobre o liberalismo de Parente. Porém, em pensamento liberal, Castello Branco está muito à frente. Neste ano, dois artigos publicados por ele mostram que privatizações norteiam seu pensamento e devem pautar a futura gestão. Mas, até por declarações do próprio Bolsonaro, é impensável a venda de 100% da Petrobras, considerada por ambos como estratégica. Por outro lado, a empresa poderia ser desmembrada para focar apenas na produção de petróleo. Além disso, o que restaria nas mãos do Estado seria tocado como uma empresa privada, blindada de políticas intervencionistas.

Em nenhum momento o ex-presidente da Petrobras sugeriu à estatal se desfazer de seus ativos de refino. Para o segmento de distribuição, o plano era realizar a abertura de capital, e não a venda da BR Distribuidora. E é justamente isso que Castello Branco imagina para essas duas áreas.

A própria greve dos caminhoneiros serviu de argumento para que o próximo presidente justifique a venda da estatal. “No caso do diesel, embora seguindo o mercado global, é o comitê de uma única empresa, uma estatal dona de 99% do refino, que anuncia os preços. Essa é mais uma razão para privatizar a Petrobras. Precisamos de várias empresas privadas competindo nos mercados de combustíveis”, escreveu Castello Branco em artigo no jornal Folha de S.Paulo, em 2 de junho deste ano.

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Pouco menos de um mês antes da publicação do artigo, Castello Branco já havia escrito outro para o jornal Valor Econômico e afirmou que, “tanto no refino quanto na distribuição, a Petrobras, por razões estruturais inerentes a uma empresa estatal, não demonstrou possuir a competência necessária para ser a dona natural desses negócios”. O foco, para ele deve ser somente a exploração e a produção de petróleo. O resto deveria ser vendido.

Essa posição privatizadora não é recente. Em 2015, em meio às discussões sobre as mudanças no regime de partilha do pré-sal, que, ao mesmo tempo que garantia à Petrobras a escolha dos melhores blocos, a obrigava a investir em todos os outros ruins, Castello Branco chamou a legislação de “danosa”.

“O regime de partilha contém todo tipo de distorção, é inviável, é danoso aos interesses da Petrobras e do Brasil. O sistema de leilão por pagamento de óleo não maximiza receita para o Estado, que está precisando para fazer o ajuste fiscal”, afirmou Castello Branco, que, à época, além de ser diretor do Centro de Crescimento e Desenvolvimento Econômico da FGV, era conselheiro da Petrobras.

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Repercussão

“Castello Branco tem tudo para fazer um ótimo trabalho. Não vejo risco de intervenções governamentais na política de preços, como já ocorreu no ado. Por tudo o que o [futuro] ministro da Economia [Paulo Guedes] e Roberto Castello Branco pensam, a tendência é que seja a política correta”, afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.

Para Alexandre Póvoa, sócio-fundador da Canepa Asset, o mercado tende a prestar atenção em como deve se portar o governo na questão do subsídio ao preço do diesel. “É preciso esperar para ver como vai ser o desarme do subsídio ao diesel para entender se haverá reação, como houve na greve dos caminhoneiros. É um tema politicamente difícil”, diz Póvoa.

Pedro Galdi, da Mirae Asset, destaca que Castello Branco é conhecido entre os profissionais do mercado, sobretudo por sua atuação na Vale. “É um nome conhecido no mercado financeiro, com uma carreira importante”, diz. Para Galdi, o novo presidente da Petrobras tende a continuar com uma fórmula de preços que não necessariamente seja o reajuste diário dos combustíveis, mas que permita a equalização com as cotações internacionais.

Com Estadão Conteúdo

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