‘Brasil e China serão parceiros incontornáveis’, diz Lula em reunião com empresários
Viagem de Lula tem anúncio de 27 bilhões de reais em novos investimentos de empresas chinesas no país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o aprofundamento das relações bilaterais com a China e criticou a guinada protecionista dos Estados Unidos promovida pelo presidente Donald Trump. Em viagem oficial ao país, Lula participou nesta segunda-feira 12 de um encontro com empresários brasileiros e chineses. “Se depender do meu governo e se depender da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis”, afirmou. “A China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China.”
Entre os resultados práticos da viagem presidencial, estão os novos investimentos que os chineses realizarão no Brasil. Segundo Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), a China pretende investir mais 27 bilhões de reais no país. A cifra é composta, entre outros projetos, por 6 bilhões a montadora Great Wall Motors (GWM) para expandir as operações locais; 5 bilhões da Meituan, dona da plataforma de delivery Keeta, para iniciar suas atividades por aqui; 5 bilhões da Envision para construir um parque industrial net-zero, isto é, com zero emissão de carbono; e 3 bilhões da CGN, a estatal de energia nuclear, para projetos de energia eólica e solar no Piauí.
Além dos investimentos diretos, Lula também aposta no aprofundamento das relações comerciais com Pequim. O presidente lembrou que, em seu primeiro mandato, foi um dos primeiros a apoiar o pleito da China de ingressar na Organização Mundial de Comércio (OMC) para ser reconhecida como uma economia de mercado. “Não me arrependo de ter tomado aquela decisão, porque a China hoje é o maior parceiro comercial do Brasil”, afirmou.
Nos últimos anos, contudo, diversos setores da economia brasileira queixam-se da crescente invasão de produtos chineses a preços predatórios. É o caso da indústria siderúrgica, que se ressente da explosão das importações de produtos asiáticos liderada pela China. Os importados já representam 25% do consumo brasileiro de aço, ante uma média histórica de 11%. Por isso, as siderúrgicas pedem o endurecimento das regras de importação.
No encontro com empresários em Pequim hoje, contudo, Lula procurou oferecer uma visão mais positiva do avanço chinês no comércio internacional. “A China tem sido tratada, muitas vezes, como se fosse uma inimiga do comércio mundial, quando, na verdade, a China está se comportando como um exemplo de país que está tentando fazer negócio com os países que foram esquecidos durante os últimos 30 anos por muitos outros países.”
O presidente também aproveitou o evento para criticar novamente a política protecionista dos Estados Unidos. Ao afirmar que “não existe saída para um país sozinho”, Lula sublinhou seu apoio ao maior intercâmbio comercial entre todos os países. “É por isso que eu não me conformo com a chamada taxação que o presidente dos Estados Unidos tentou impor ao planeta Terra do dia para a noite.” Para Lula, apenas o multilateralismo garantiu “harmonia” entre as nações, após a Segunda Guerra Mundial. “Não foi o protecionismo. O protecionismo no comércio pode levar à guerra como já aconteceu tantas vezes na história da humanidade.”