O acidente em campo que quase impediu a carreira brilhante de Sebastião Salgado k113t
Fotógrafo morto nesta sexta-feira, aos 81 anos, relembrou o momento na inauguração de exposição dedicada a sua obra que ficou em cartaz em 2024 em São Paulo 402624

Morto nesta sexta-feira, 23, aos 81 anos, Sebastião Salgado escreveu seu nome na história como o maior fotógrafo brasileiro, e um dos mais renomados do mundo na arte de retratar as mazelas sociais e ambientais do planeta. Sua carreira brilhante, no entanto, quase foi interrompida ainda no início por uma fratura na coluna cervical causada pela explosão de uma mina em uma de suas expedições por Moçambique. O caso foi relembrado por Salgado durante o evento de inauguração de uma exposição dedicada a ele e aos 50 anos da Revolução do Cravos no Museu da Imagem e do Som (MIS), que ficou em cartaz entre maio e junho do ano ado em São Paulo.
Em abril de 1974, a Revolução dos Cravos colocou fim à ditadura salazarista que dominava Portugal havia quatro décadas. ados cinquenta anos, a mostra com curadoria da esposa Lélia Salgado trouxe fotos inéditas produzidas por ele na cobertura do momento histórico, ainda no início da carreira. Naquela época, Salgado fotografou a efervescência dos dias que se seguiram à Revolução dos Cravos, e também partiu para as colônias portuguesas na África para registrar a luta dos países por independência. Segundo o relato, ele estava em um caminhão militar no norte de Moçambique quando o veículo explodiu em uma mina, em meio a ataques do exército português e da guerrilha da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique). “O chofer foi pulverizado, não se encontrou nada dele. O oficial português que estava do outro lado do caminhão perdeu as duas pernas. Eu fui projetado e senti uma dor forte na minha cervical, mas eu era jovem, tinha 30 anos, e logo me adaptei àquilo”, relatou o fotógrafo, que consultou um médico ao retornar a Paris e soube que havia “machucado um pouco” a cervical e, por isso, poderia desenvolver artrose na velhice.
Foi só décadas depois ao visitar um especialista para tratar dores intensas na cervical, que o fotógrafo de 80 anos descobriu que o machucado antigo, na verdade, era uma fratura que poderia ter encerrado sua carreira. “O médico falou ‘Sebastião, você teve uma sorte imensa que a sua vértebra quebrou na parte frontal da coluna. Se tivesse quebrado na parte traseira, a partir daquele momento você estaria em uma cadeira de rodas”, contou ele. “Só descobri há três semanas que eu pude continuar a minha vida na fotografia [por uma sorte imensa]… se não, ela teria sido interrompida naquele momento. Como eu, em uma cadeira de rodas, poderia fotografar? Seria complicado”, atestou ele — que, ao longo da vida, fez expedições longevas em áreas remotas e de difícil o em todo o mundo.
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