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O que uma marca de moda de Minas Gerais tem a ver com o papa Francisco? 5s4w4l

Assim como o ex-pontífice, que deixou sua herança aos presos, grife mineira acredita na reabilitação e mantém projeto social em sistema prisional 6e5k2n

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 Maio 2025, 12h40

O papa Francisco, que morreu em 21 de abril, surpreendeu o mundo ao deixar todos seus bens pessoais, estimados em 200 mil euros (cerca de R$ 1,1 milhão) aos presos. Já debilitado, o ex-pontífice destinou os recursos para projetos sociais na prisão de Rebibbia, no centro de detenção juvenil de Casal del Marmo, em Roma. Algo que reafirma sua formação jesuíta e a vida de simplicidade que adotou como integrante da Companhia de Jesus, abrindo mão de privilégios que geralmente acompanham o cargo de papa.

Uma decisão nobre, já que ajudar presos não é algo muito comum. Mas existem alguns projetos nesse sentido que dão bons frutos sociais. A marca de moda mineira Chico Rei é um exemplo disso. Há cinco anos, a grife tem promovido um projeto de transformação social dentro do sistema prisional mantendo uma célula de produção de camisetas instalada dentro da Penitenciária Professor Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora (MG), onde detentos recebem capacitação profissional, remuneração e a possibilidade de trabalhar enquanto cumprem pena.

Até agora, 58 internos participaram da iniciativa. Hoje, a produção realizada na penitenciária já representa 15% do volume total de camisetas confeccionadas pela marca, sendo que três ex-detentos foram contratados para trabalhar na fábrica externa da empresa e outros três aguardam encaminhamento para oportunidades semelhantes.

“A proposta é preparar essas pessoas ainda dentro do sistema, mas sempre com o olhar voltado para o momento em que elas estarão de volta à sociedade”, diz Bruno Imbrizi, CEO e fundador da Chico Rei. “O trabalho oferece dignidade, abre novas perspectivas e contribui para reduzir a reincidência.”

A iniciativa segue a legislação vigente e detentos recebem salário proporcional, com 25% do valor direcionado a uma conta judicial, 50% destinado à assistência familiar e 25% revertido ao Estado. Além disso, a cada três dias trabalhados, um dia é abatido da pena. Desde o início do projeto, a empresa investiu cerca de R$ 370 mil, sendo R$ 240 mil na estruturação da célula, R$ 90 mil em capacitação e outros R$ 40 mil na reforma de celas que beneficiaram 110 internos.

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Obstáculos e preconceito

A dificuldade de reinserção de ex-detentos no mercado de trabalho é um dos maiores desafios enfrentados por quem deixa o sistema prisional. Segundo dados da Iniciativa Negra Por Uma Nova Política Sobre Drogas, 45% dos egressos relatam ter dificuldades para conseguir emprego e o estigma e a falta de documentação regular são os principais entraves.

“Muitas vezes a gente perde uma vaga só por ter sido preso”, afirma Max Gonçalves, um dos trabalhadores da célula prisional. “Lá na Chico Rei, eles veem o nosso trabalho, não só o nosso ado.”

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Dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) de 2023 mostram que apenas 24% das pessoas presas trabalham, e metade dessas não recebe remuneração — apesar de a Constituição prever o direito ao trabalho digno dentro do sistema penal.

“O projeto prova que é possível fazer diferente. Ressocializar não é apenas sobre punir menos, mas oferecer mais oportunidades reais”, afirma Ruanny Gonçalves, diretora de Operações da Chico Rei. “Muitos chegam até nós sem qualquer perspectiva. A gente oferece escuta, orientação e um caminho.”

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