Do micro ao macro: A arte vibrante de Sophia Loeb 4n704e
Artista brasileira entre São Paulo e Londres fala sobre suas inspirações e processo criativo 1r1nm

“Através da pintura, quero mostrar uma nova forma de enxergar o mundo”, diz a artista Sophia Loeb.
Nascida em São Paulo e baseada em Londres, Sophia retrata com cores vibrantes e texturas uma maneira específica de ver o mundo através de um olhar que transita entre o micro e o macro. Sophia obteve seu diploma de Artes Plásticas (Fine Art) e História da Arte na Goldsmiths University, em Londres, e fez seu mestrado na Royal College of Art, também em Londres.
Sophia vem cada vez mais se destacando no mundo da arte – já teve diversas exposições, em grupo e individuais, e suas obras compõem coleções internacionais renomadas e conceituadas, como o Institute of Contemporary Art em Miami, Green Family Art Foundation em Dallas e o Museu de Arte Moderna em Fort Worth, nos Estados Unidos.

Brasil como inspiração
Para Sophia, o Brasil é uma fonte de inspirações. Cada vez que volta ao Brasil, a artista percebe novas formas de interpretar a natureza ao seu redor, especialmente diante da biodiversidade única brasileira. Sua pintura também possui influências de outros campos criativos, como a música. “Ser brasileira e estar em contato com o Brasil é fundamental para o meu trabalho, nutre minha criatividade e pensamento”, afirma.
Natureza como linguagem pictórica
As formas orgânicas e biomórficas da natureza desempenham um papel central no processo criativo de Sophia. Ela observa como os elementos naturais se originam uns dos outros e seguem um fluxo próprio: único, imperfeito e, ao mesmo tempo, harmonioso. O reflexo do sol nos lagos. A forma como a floresta se comporta próxima a um rio. A luz que se refrata nas flores. Os diversos tons dos biomas. Todos esses processos naturais são retratados, com sutileza, em suas pinturas. A arte e a abstração são veículos para uma imersão única, transitando o olhar entre o micro e o macro, adotando uma perspectiva topográfica, envolvente e em movimento.
Cores pulsantes e texturas vivas
Sophia utiliza cor em suas obras de forma intuitiva, e a escolha de cores vivas fazem referência a uma natureza exótica. Para Sophia, cor é celebração: “A cor transmite alegria de viver e gratidão pela vida. Quero que as pessoas sintam isso ao ver minhas pinturas”, explica.
Em suas obras, cada cor é associada a uma textura específica, criando um vocabulário visual único. Seus quadros são diversos e orgânicos, porém cores e texturas geralmente seguem um padrão. A artista percebe essa relação entre cor e textura como uma forma de traduzir a pulsação intensa e fervorosa da natureza, uma vitalidade que, segundo ela, também define o Brasil.
A técnica do impasto, onde a tinta é aplicada em camadas visíveis, era usada por artistas como Claude Monet (1840-1926) e Vincent van Gogh (1853-1890), e serve como referência histórica para compreender o uso expressivo de tinta na pintura. Sophia também produz texturas tridimensionais em seus quadros, mas de maneira singular. Sua criação é detalhada e minuciosa, combinando espátulas, pincéis e mãos, dando às suas obras um caráter escultórico, resultado de seus estudos em escultura na Goldsmiths University. Durante seu processo criativo, Sophia posiciona a tela no chão ou suspensa, alternando direções. Esse processo orgânico de pintar com a tela em direções diferentes permite com que a artista amplie seu olhar e encontre novas soluções criativas para suas composições.

Emoções e reflexões
Sophia relembra um momento marcante, que foi ouvir de uma visitante que havia perdido o interesse pela pintura, mas que suas obras a fizeram reencontrar o amor pela técnica.
Em tempos atuais, a obra de Sophia convida a uma pausa no tempo e à contemplação dos detalhes, promovendo novas descobertas a cada encontro com suas pinturas. “Espero que minhas pinturas tragam felicidade”, diz ela, “como quem recebe um buquê de flores”.
Próximas exposições
A obra Peregrinos a você (2024) estará a partir de hoje na quarta edição da exposição Aberto, que acontece em Paris entre 14 de maio até 8 de junho na Maison La Roche, casa projetada pelo arquiteto modernista Le Corbusier (1887-1965).
Sophia realizará sua primeira exposição individual no Brasil na Carpintaria, no Rio de Janeiro, apresentada pela Galeria Fortes D’Aloia & Gabriel. A abertura acontece no dia 5 de junho, das 18h às 21h, e a mostra segue até 26 de julho de 2025. A exposição reúne um conjunto de pinturas produzidas ao longo dos últimos seis meses no ateliê da artista, em São Paulo. A visitação pode ser feita de terça a sexta-feira, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 18h, na Rua Jardim Botânico, 971.