Novela ‘palestrinha’: o sermão de ‘Vale Tudo’ a cada novo capítulo 5p1l2g
Remake de Manuela Dias peca em excesso de discursos feitos para “lacrar” nas redes sociais i4c4a

No capítulo que foi ao ar nesta segunda-feira, 9, em Vale Tudo, a personagem Lucimar (Ingrid Gaigher), mãe de uma criança fruto de sua breve união com Vasco (Thiago Martins), faz um discurso falando sobre as diferenças entre homens e mulheres. Em outras cenas, o bom-mocismo da personagem Raquel (Taís Araújo) tem tirado o público do sério. A cozinheira, ingênua a ponto de ser ada para trás pela filha desonesta e ambiciosa, não faz nada por demonstrar que é, sim, inteligente. Ao contrário, se utiliza de discursos politicamente corretos para se mostrar a rainha das “palestrinhas”.
Isso não só tira o ritmo da trama, como dá um tom professoral pouco real aos diálogos atuais. Solange Duprat, interpretada por Alice Wegmann, é outra que carrega a palestra na sua oratória. Ao se revelar como mulher moderna, independente e que não se curva à prepotência de outros, pesa a mão nas frases despropositais. Dia desses soltou um: “eu sou resistência”. A troco de nada. Dito dessa forma, como foi ao ar, soou apelativo, apenas para “lacrar” em redes sociais.
Isso tudo só reforça como Vale Tudo se adapta para o lado “errado”. Ao invés de reforçar os pontos de personalidade dos personagens criados em 1988 e adaptar as suas falas para os tempos atuais, a autora Manuela Dias fez justamente o contrário. Mexeu na essência de vários deles sem se preocupar com o que dizem. Isso se reflete, em alguns momentos, em cenas forçadas e desprovidas do contexto do país atual.