Investigações sobre corrupção no Judiciário não deveriam ficar em sigilo 3m6hw
Caso revelado pelo Radar em agosto de 2024 avançou, ganhando ares de escândalo de corrupção judicial, mas tudo segue distante dos olhos da sociedade 3p5o3o

O ministro Cristiano Zanin conduz há meses uma série de investigações envolvendo suspeitas de corrupção em diferentes tribunais do país. Os motivos que levaram o STF a ter jurisdição sobre o caso ainda não foram completamente expostos ao país. Em sigilo, o procedimento lança suspeita hoje sobre magistrados de diferentes tribunais com foro no Supremo.
Em agosto do ano ado, o Radar revelou que o STJ apurava, ainda em estágio inicial, casos de corrupção judicial envolvendo lobistas e assessores de ministros do tribunal. O caso, descoberto a partir de provas encontradas no celular do advogado Roberto Zampieri, avançou desde então.
Em outubro, VEJA ampliou a fotografia do caso com uma reportagem de capa, assinada por Laryssa Borges, que mostrava o funcionamento da rede de venda de sentenças no Judiciário.
As denúncias envolvendo assessores se alastraram para suspeitas envolvendo diferentes magistrados do próprio STJ e de outras Cortes. Com o ganho de escala nas apurações, o ministro Zanin assumiu a relatoria das investigações, mantendo as apurações em sigilo, até nos casos em que decidiu descartar suspeitas contra magistrados, incluindo integrantes do próprio Supremo.
Vazamentos pontuais ocorreram ao longo das operações realizadas pela Polícia Federal para seguir a trilha dos operadores do comércio de decisões judiciais no país. No último capítulo, a PF cumpriu mandados, nesta sexta, contra o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, por vazamento de informações envolvendo ações da PF deflagradas a mando do STJ.
Na quarta-feira ada, o país tomou conhecimento da existência de uma organização criminosa formada por militares e ex-militares que espionavam autoridades e cometiam assassinatos por encomenda. Novamente, os detalhes só foram conhecidos a partir de vazamentos pontuais.
Os elementos já conhecidos da corrupção judicial que se alastrou por diferentes tribunais brasileiros mostram que o caso tem potencial para manchar a imagem do Judiciário de forma significativa perante a sociedade.
Manter as investigações em sigilo, portanto, só contribui para ampliar suspeitas e a desinformação em torno do que realmente se ou nos bastidores da Justiça brasileira.
Não faz muito tempo, o ministro Alexandre de Moraes adotou medidas para evitar desinformação em ações que apuravam a marcha golpista no governo de Jair Bolsonaro. Em diferentes momentos, retirou o sigilo e divulgou documentos para que a sociedade pudesse formar opinião qualificada do que se ava no país.
Zanin vai por outro caminho, mantendo guardado elementos que poderiam mostrar o que realmente aconteceu no Judiciário. O faz, segundo fontes da Polícia Federal, para preservar as investigações, mas seria importante que elementos já consolidados do caso, que vazaram de forma seletiva, sejam abertos a todos, como ocorrem nos casos que envolvem políticos.