Bronca de Moraes no ex-chefe do Exército reforça narrativa de Bolsonaro 46d4e
Ministro do STF acusou ex-comandante de mentir durante depoimento; Freire Gomes negou ter ameaçado prender o ex-presidente, mas confirmou reuniões 2t6v58

O STF começou a ouvir, nesta segunda, as 82 testemunhas de defesa e acusação na ação que pode condenar Jair Bolsonaro e outros integrantes do governo ado por tentativa de golpe de Estado. O primeiro dia de oitivas mostrou que o processo ainda terá muitos lances com potencial de mexer com os nervos do bolsonarismo e dos ministros do Supremo.
Chamado a falar, o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes irritou Alexandre de Moraes ao não repetir a versão consignada no depoimento colhido pela Polícia Federal em 2024. Para o ministro do STF, o general caiu em contradição ao falar da participação de Almir Garnier, então comandante da Marinha, na trama golpista.
“Pense bem, antes de responder. A testemunha não pode deixar de falar a verdade. Se mentiu na polícia, tem que falar que mentiu na polícia”, disse Moraes.
Freire Gomes não se intimidou e respondeu a Moraes que, em 50 anos de Exército, jamais mentira. O general sustentou ter afirmado que Garnier disse que estava com o presidente, mas que não caberia a ele interpretar o que a frase queria dizer.
Em outra frente, Freire Gomes negou ter ameaçado prender Bolsonaro, caso ele desse a ordem para um golpe de Estado. O relato foi feito pelo ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior. Já o ex-chefe do Exército disse que apenas disse ao então presidente da República que ele poderia ter problemas na Justiça, caso tentasse dar o golpe.
A bronca de Moraes no comandante do Exército e o aparente relato desencontrado do general servirão de munição para que Bolsonaro e seus aliados continuem denunciando uma suposta perseguição judicial contra o mandatário. A bronca de Moraes contra uma testemunha que não disse o que, aparentemente, ele queria ouvir também será explorada pelos advogados críticos dos métodos do ministro na Corte.
O essencial, no entanto, foi dito pelo general. Bolsonaro colocou no papel um plano para suprimir a democracia no país e tentou buscar o apoio dos comandantes militares para sua empreitada.