
O primeiro trimestre de 2025 apresentou uma desaceleração no número de transações de M&A, segundo dados da PitchBook. Ainda assim, o setor de saúde se manteve como um dos protagonistas desse cenário, respondendo por 8% do volume global de fusões e aquisições e por 10,7% do valor total movimentado, o equivalente a 112,6 bilhões de dólares.
Entre 2003 e 2023, o setor de saúde no Brasil registrou 817 transações de M&A, posicionando-se entre os dez segmentos mais ativos no país, é o que mostra o levantamentos realizados pela KPMG. Segundo estudos do setor, nos últimos anos, aproximadamente 500 dessas transações geraram um faturamento conjunto de quase 90 bilhões de reais, cum uma média de uma transação a cada nove dias. Essas operações foram lideradas por grupos como Rede D’Or, Intermédica, Dasa, DaVita, Hapvida, Fleury, Oncoclínicas, Sabin, Viveo e Hermes Pardini.
Para o sócio da Zaxo M&A Partners, boutique de M&A, Leonardo Grisotto, o setor de saúde tem características únicas que favorecem esse dinamismo. “Empresas com boa governança, tecnologia embarcada e visão de longo prazo se destacam. A antecipação de movimentos do mercado, especialmente em saúde, onde há pressão constante por escala e qualidade, pode ser decisiva”, afirma.
Já o sócio-fundador da Zaxo, Jefferson Nesello, ressalta que momentos de incerteza podem se tornar verdadeiras alavancas de crescimento para investidores preparados. “A saúde é essencial e resiliente. Em tempos de instabilidade, o Brasil se torna ainda mais estratégico. Quem sabe analisar bem os ativos consegue capturar valor futuro em operações que, à primeira vista, pareceriam arriscadas, conseguindo transformar esses momentos em oportunidades, especialmente em setores altamente competitivos”, avalia.
Um estudo da própria Zaxo analisou mais de 20 mil transações de M&A em 18 países, entre 1990 e 2023. A conclusão é de que a incerteza econômica pode reduzir em até 6,7% o valor de aquisição de uma empresa. No entanto, quando a companhia-alvo apresenta alto potencial de crescimento, com escalabilidade, inovação e diferenciais operacionais, essa perda é mitigada para cerca de 1%.