Bolsonaro não quer tirar Nossa Senhora do posto de padroeira do Brasil n4j21
Montagem que circula nas redes sociais e no WhatsApp inventa que medida seria moeda de troca por apoio de Edir Macedo ao candidato do PSL 39q63

É falsa a publicação compartilhada no Whatsapp e no Facebook segundo a qual o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) vai mudar a imagem de Nossa Senhora Aparecida e tirar a santa do posto de padroeira do Brasil em troca do apoio do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo.
Para fazer a verificação, o projeto Comprova, criado para desmentir notícias falsas na eleição presidencial, pesquisou informações no site da Câmara dos Deputados e entrou em contato com as assessorias de imprensa de Jair Bolsonaro e Edir Macedo.
Há duas versões do boato sendo compartilhadas no Facebook e WhatsApp nos últimos dias. Uma delas usa uma montagem feita sobre o site do jornal Folha de S. Paulo. A falsa notícia, que teria sido publicada no dia 11 de outubro, afirma que “encontro de Bolsonaro com bispo Edir Macedo gera polêmica, ao sugerir a troca da imagem da padroeira do Brasil” e dá a entender que a alteração seria motivada pelo “tom de pele” escuro da santa. A Folha nega que a matéria tenha sido publicada em seu site e confirma que se trata de uma montagem.
A segunda versão diz que Bolsonaro e seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), am o projeto de lei 2623, de 2007, que sugeria a alteração do termo “padroeira do Brasil” para “padroeira dos brasileiros católicos apostólicos romanos”. O PL, de autoria do deputado Victorio Galli, que à época era do MDB e hoje é do PSL, foi arquivado em 2008 na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. A matéria não poderá ser desarquivada no próximo ano porque o seu autor não foi reeleito. O Comprova não encontrou do Bolsonaro no projeto.
A assessoria do Jair Bolsonaro afirmou que “não responde fake (news)”. Eduardo Bolsonaro, no entanto, publicou um vídeo em seu perfil seu Facebook desmentindo a informação, que foi compartilhado na página do presidenciável. “O projeto é de 2007 e foi apreciado em 2008, nessa época eu sequer era deputado, a minha eleição foi em 2014. Além disso, não existe do Jair Bolsonaro apoiando esse projeto em lugar nenhum. Esse projeto foi sepultado na comissão da educação por unanimidade. Não há o que falar, é uma invenção”, diz.
O texto do boato também afirma que o suposto apoio do candidato do PSL ao projeto foi uma “moeda de troca” para ele conseguir apoio de Edir Macedo, que também teria pedido a implantação do “ensino evangélico a todas as crianças, a partir da creche, em janeiro de 2020”. A informação não tem nenhuma fonte que a confirme, e o bispo a negou, através de nota divulgada no site da Igreja Universal. “Nem o bispo Edir Macedo, nem a Igreja Universal do Reino de Deus tem qualquer relação com esse projeto de lei”, diz o texto.
“Já sobre a fake news do ensino religioso nas escolas públicas, a Universal defendeu exatamente o contrário em audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF): a Igreja apoia o ensino religioso não confessional, que deve ser facultativo, com professores qualificados para tal. ‘O ensino deve ser sobre religião, e não da religião’, afirmou o representante da Universal durante a audiência”, conclui a nota.
A montagem do site da Folha chegou ao WhatsApp do Comprova.

A checagem de fatos publicada acima foi feita dentro do projeto Comprova, lançado para combater notícias falsas nas eleições, e envolveu jornalistas de Bandnews FM e O Povo. Até o momento, VEJA e outros quatro veículos que integram a iniciativa concordaram com o processo e a conclusão da apuração: Gazeta Online, piauí, Jornal do Commercio e Folha de S. Paulo. O Comprova é composto por 24 veículos de comunicação brasileiros.
O leitor pode sugerir ao projeto boatos e notícias falsas a serem desmentidos, por meio do WhatsApp, no número (11) 97795-0022. O Me Engana que Eu Posto também recebe sugestões pelo aplicativo de mensagens, no número (11) 9 9967-9374.