
Ex-comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior resolveu, com toda educação do mundo, manter a versão dada à Polícia Federal em relação ao colega de farda do Exército, general Freire Gomes, sobre a ameaça de prisão ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal no processo da trama golpista, o ex-chefe militar mostrou que a tropa anda desalinhada e afirmou ter ouvido aquilo que nem mesmo o próprio Freire Gomes quis repetir em frente a Alexandre de Moraes.
O resto os leitores da coluna já sabem. Virou história: Freire Gomes levou um pito daqueles, bem ao estilo do “Xerife do STF”. Mas o interessante é a forma como Baptista Júnior entregou a “mentira” de Freire Gomes.
“O general Freire Gomes é uma pessoa polida. Ele não falou com agressividade com o presidente, ele não faria isso. Mas é isso [prisão] que ele falou. Com muita tranquilidade, com muita calma. ‘Se fizer isso, vou ter que lhe prender’. Eu vi a discordância do que ele falou e o que eu estou falando”, afirmou sobre o episódio, agora controverso.
“Não é uma coisa simples você esquecer o comandante do Exército dizendo de uma possibilidade, ele estava tratando de hipótese. […] Mas eu já disse que a minha palavra eu mantenho: ele disse com toda educação ao presidente que, por hipótese, que se ele tentasse, teria de prender”, repetiu.
Juridicamente a confusão desses depoimentos pode até não mudar nada no caso, pois, sabe-se em Brasília, que o STF pende por uma convocação da sentença. Politicamente, contudo, qualquer ruído no julgamento é bom para o palanque bolsonarista.
COMANDANTE DA MARINHA 622r
Outra contradição com o depoimento do ex-chefe do Exército está na participação do Almirante Almir Garnier, da Marinha. Enquanto Freire Gomes disse que não interpretou qualquer tipo de conluio em relação ao também colega de farda, acusado de colocar a tropa à disposição do líder da extrema-direita, Baptista Junior foi enfático.
“Eu lembro que o Paulo Sérgio, Freire Gomes e eu conversávamos mais, debatíamos mais, tentávamos demover o presidente. Em uma dessas (reuniões), chegou o ponto em que ele falou que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente”, contou o antigo chefe da Aeronáutica sobre Garnier.