
Alexandre de Moraes fez a sua mais contundente crítica ao Exército, Marinha e Aeronáutica após o início do julgamento da trama golpista ao votar para tornar réus mais dez acusados, incluindo os “kids pretos”, militares das forças especiais que planejavam matá-lo.
Não é por acaso.
O magistrado certamente seria afastado do Supremo Tribunal Federal, preso ou mesmo assassinado, se as informações da Polícia Federal e da Procuradoria-geral da República no processo estiverem corretas.
“Esse populismo extremista digital, não só no Brasil, essa extrema direita que não acredita na democracia, aprendeu que atacar diretamente a democracia não dá ibope. Então, não se ataca a democracia, se ataca os instrumentos. ‘Olha, eu sou a favor da democracia, mas houve tanta fraude que nós temos que dar um golpe para restabelecer a democracia’. Isso foi feito na Hungria, esse foi feito na Polônia, esse discurso foi feito lá atrás nos Estados Unidos. […] A nação não estava preocupada com o abandono dos militares, não estavam pedindo aos militares. Os militares sabem que as Forças Armadas não eram o Poder Moderador, que substituía o imperador. Esse Poder Moderador deixou de existir com a constituição”, afirmou Moraes.
Em seguida, o magistrado fez uma ironia sobre um dos pedidos mais recorrentes no caso: o seu afastamento do caso. “Parece que aqui nenhum dos presentes e todos aqueles que nos ouviram, ninguém acredita que se houvesse golpe de estado estaríamos aqui a julgar esses fatos. Eu dificilmente seria o relator. Talvez aí a minha suspeição fosse analisada pelos ‘kids pretos'”, disse Moraes.
O ministro também fez questão de dizer que, em uma democracia, as Forças Armadas “não têm que decidir nada”, especialmente após o segundo turno de uma eleição. “As forças armadas não tem que decidir nada, não tem que decidir para que lugar nenhum o presidente que perdeu a reeleição vai, quem perde a eleição em uma democracia — seja no Brasil, seja na Inglaterra, na França, em Portugal, nos Estados Unidos —, quem perde as eleições vai para casa e vira oposição e tenta voltar quatro anos depois, esse é o regime democrático”.
Palavras de Alexandre de Moraes contra o Exército, Marinha e Aeronáutica mais que merecidas diante do histórico golpista das Forças Armadas do início da República até 8 de janeiro de 2023.