
Lula está completamente indignado com “vazamentos”. Janja muito chateada. Mas o pior da história do pedido do presidente brasileiro por um enviado da ditadura de Xi Jinping para ajudar na regulação das redes é o pedido em si.
Solicitar amparo de uma ditadura que censura redes sociais é um desserviço de Lula à necessária causa da regulação das redes, que a coluna tem defendido desde antes do PL das Fake News.
Aliás, por qualquer ângulo que se olhe o caso é muito ruim. Vamos lá.
O presidente brasileiro quer ingerência internacional em assuntos brasileiros, com esse agravante de que estamos falando da ditadura de Pequim? Lula quer o que exatamente? Virar o jogo do algoritmo a favor da esquerda pensando em 2026?
Nesse aspecto, a postura de Lula dá ainda mais força para o argumento da direita-radical, que não quer regulação alguma das redes sociais no Brasil, incluindo o TikTok chinês.
A briga interna de Lula para descobrir o autor do vazamento sobre reclamações de como a plataforma representa um desafio para a esquerda, num campo dominado pela extrema-direita, é menor. Bem menos importante. Governos têm vazamentos. E Lula sabe disso mais do que ninguém porque está no terceiro.
Obviamente que se distorceram frases da primeira-dama que teria entrado no debate somente para tratar de casos de violência contra crianças, como a menina brasiliense que morreu no desafio de desodorante no TikTok, é muito ruim. E, sim, isso pode ser definido como machismo.
Mas pior ainda é um chefe de um estado democrático pedir a um líder de uma ditadura que controla à mão de ferro as redes sociais para ajudar a resolver uma questão importante de um país democrático, como a regulação das redes.
Por mais que a direita bolsonarista tenha se unido ao centrão para paralisar a discussão no Congresso por seus interesses eleitorais – e nada republicanos -, o governo Lula também não teve capacidade ou força política para conseguir um avanço importante do país na internet.