O maior feito de Bolsonaro na manifestação da Avenida Paulista 1e2z65
Evento foi realizado no último domingo 6 6m1x59

Do ponto de vista da presença de público, o comício de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista pode ser classificado como um empate técnico. Não repetiu o fracasso de Copacabana, tampouco reuniu uma multidão tão grande quanto à dos eventos protagonizados por ele nos últimos anos. As estimativas do número de apoiadores presentes no domingo 6 variam de 44.900 (levantamento feito pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital do Cebrap e pela ONG More in Common) a 55.000 pessoas.
Dentro de uma visão mais otimista dos organizadores, foi um sucesso, considerando-se que o tom dos discursos está se repetindo e que a pauta da anistia está longe de ser uma unanimidade no país. Outro fator comemorado pelos bolsonaristas é a incapacidade demostrada pela esquerda em levar a mesma quantidade de gente às ruas.
Além de atrair uma quantidade de público respeitável, o último evento da Paulista mostrou pela primeira vez um ensaio de uma união de políticos à direita, algo fundamental para as pretensões eleitorais da oposição para 2026. A grande foto do evento para os bolsonaristas foi a imagem do ex-presidente rodeado por sete governadores: Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Júnior (PR), Wilson Lima (AM), Jorginho Mello (SC), Mauro Mendes (MT) e Ronaldo Caiado (GO). O palanque contaria ainda com Claudio Castro (RJ), que cancelou de última hora a vinda para São Paulo em razão das enchentes ocorridas no seu estado.
Esse grupo de governadores tem quatro presidenciáveis: Tarcísio, Zema, Ratinho e Caiado. O governador paulista é o herdeiro natural do ex-presidente e, por isso, é o que tem abraçado de forma mais firme as pautas mais caras ao bolsonarismo. Os outros procuram ser mais cautelosos nessa questão, mas deram inegavelmente um o adiante ao marcar presença na manifestação, que era fundamental para o capitão mostrar força popular e política.
É quase impossível um candidato de direita chegar forte a 2026 sem o apoio de Jair Bolsonaro. Tarcísio parece cada vez mais em campanha ao Palácio do Planalto, embora negue publicamente essa intenção. Caiado lançou a pré-candidatura pelo União Brasil, e Ratinho Júnior pode fazer isso dentro de poucos meses, a depender se os acenos de apoio a esse projeto de Gilberto Kassab, o cacique do seu partido, o PSD, são mesmo para valer. Zema, por sua vez, aumentou nos últimos meses o tom de críticas ao governo federal, mostrando que não quer ficar de fora do jogo.
A foto dos governadores de oposição ao lado de Bolsonaro mostra o potencial de uma possível aliança de direita para 2026. O grupo pode ter mais de um candidato no primeiro turno de 2026, mas dificilmente não irá marchar junto na rodada final dessas eleições. As recentes pesquisas mostrando a popularidade de Lula em baixa (a exceção foi o último levantamento do Datafolha) indicam que, confirmada essa tendência, a oposição pode chegar bastante competitiva ao pleito, até mesmo com um certo favoritismo.
As vaidades e pretensões dos governadores do bloco podem representar ainda um empecilho, mas, inegavelmente, o grande obstáculo a ser superado será o papel de Bolsonaro. Ele terá que desistir em algum momento de manter seu nome como candidato, assumindo o papel de articulador político, algo que o capitão nunca fez em sua carreira.