Gleisi critica visita de senadores a três foragidas do 8/1 presas nos EUA 734i28
Ação foi aprovada por bolsonaristas na Comissão de Direitos Humanos do Senado; trio foi detido por imigração ilegal quando fugia após condenação pelo STF 6u4h51

A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou, nesta segunda-feira, 2, que comitiva de senadores que irá aos Estados Unidos para visitar três fugitivas, condenadas no Supremo Tribunal Federal pelos atos de 8 de janeiro de 2023, e defendeu que os parlamentares não deveriam usar dinheiro público para isso.
“A extrema direita não desiste de vitimizar quem atentou contra a democracia no 8 de Janeiro. Agora, uma comissão de senadores bolsonaristas vai aos EUA visitar três fugitivas, condenadas pelo STF, que foram presas lá por imigração ilegal, como se elas não tivessem cometidos atos gravíssimos aqui mesmo no Brasil. (…) Estes senadores são os mesmos bolsonaristas que conspiram para uma intervenção estrangeira no Judiciário e na política do nosso país. E usam recursos públicos para propagar mentiras contra o Brasil lá fora”, escreveu Hoffmann na rede social X.
A viagem, aprovada por unanimidade na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, ainda não foi agendada pela presidente do grupo, a senadora Damares Alves (Republicanos-PR), ex-ministra de Jair Bolsonaro. No entanto, ela faz parte de um conjunto de ações para apuração das condições de direitos humanos dos presos do 8 de Janeiro, como apontado em um primeiro requerimento aprovado em 12 de março. “Requer (…) a realização de diligência externa nos presídios, com o objetivo de visitar os presos políticos do dia 08 e 09 de janeiro”, diz o primeiro texto.
Por isso, uma investigação das condições das prisões no Brasil, bem como de outras cinco presas na Argentina, já foi realizada, dando origem a um relatório, produzido pela equipe técnica da Casa.
A viagem aos EUA é uma segunda parte das diligências e foi proposta pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE). Segundo ele, há quatro mulheres (Michely Paiva Alves, Cristiane da Silva, Rosana Maciel Gomes e Raquel Lopes de Souza) presas na cidade de El Paso, no Texas, há pelo menos quatro meses, enquanto aguardam a Justiça americana decidir sobre o pedido de asilo delas.
“Em nosso entendimento essas pessoas se submeteram a um julgamento político, com diversas violações à lei brasileira, a começar pelo foro de julgamento, que não deveria ser o STF, julgadas por um juiz parcial, e sem direito a uma pena individualizada e proporcional, e à própria produção de provas como o o às imagens internas; por conta disso, buscam asilo nestes países”, disse Girão para VEJA nesta segunda.
Ele argumenta ainda que não há indícios de que essas mulheres tenham invadido e depredado o patrimônio público no 8 de janeiro de 2023 e que é necessário “averiguar as condições carcerárias e possíveis violações de direitos humanos”.
Sobre o uso de dinheiro público, como ocorre em missões oficiais aprovadas em comissões para outros países, Girão disse que ele, pessoalmente, não o fará. “Em todas as minhas diligências, visitas, reuniões e eventos fora do país, mesmo os oficiais aprovados pelo Senado, não uso recurso público”, afirmou. No entanto, ainda não há informações se demais senadores e membros da comitiva farão a mesma escolha.