Com Covid em alta e UTI lotada, Chapecó recebe Bolsonaro para ‘motosseata’ 106j6m
Cidade propagandeada como modelo de uso do ‘tratamento precoce’ pelo bolsonarismo será visitada pelo presidente pela segunda vez em menos de três meses 365r3a

O presidente Jair Bolsonaro chega nesta sexta-feira, 25, a Chapecó para uma segunda visita em menos de três meses ao município de 224.000 habitantes propagandeado pelo bolsonarismo como um exemplo bem-sucedido do chamado “tratamento precoce” (uso de medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina) contra a Covid-19 – o que está longe de ser verdade.
Na cidade, Bolsonaro fará no sábado, 26, um novo eio de moto com simpatizantes, o quarto ato desse tipo nos últimos meses – já fez eventos semelhantes em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A expectativa é reunir cerca de 50.000 motos, segundo a organização, um número bastante otimista tendo em vista que a última “motosseata”, em São Paulo, no dia 12 de junho, reuniu pouco mais de 6.600 veículos.
Segundo o motociclista Cleverson Dalmora, que está organizando o evento, o percurso não foi definido, mas vai ter uma distância de cerca de 50 quilômetros, percorrendo as principais vias do município a partir das 9h. “O trajeto vai ficar a critério do presidente. Onde ele quiser andar, o comboio de motos segue atrás”, afirma.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom-PR) disse que se trata de evento privado e não tem informação sobre quais vias serão percorridas. Hoje, no entanto, o presidente visita obras de modernização da Arena Condá, estádio usado pela Chapecoense, feitas por meio de dinheiro federal viabilizados por emendas do prefeito João Rodrigues (PSD) quando era deputado federal. O estádio será o ponto de chegada da “motosseata” no sábado.
Cloroquina 6a1z49
Apesar da propaganda bolsonarista, o município não enfrenta uma situação confortável na pandemia. Nesta sexta-feira, a cidade tinha 96% de ocupação de leitos de UTI da rede pública. O número de casos da doença vem subindo nos últimos dias: hoje chegou a 436, contra 402 da quinta-feira e 379 de quarta-feira. Até agora, Chapecó já teve 647 mortes, oito delas na última semana.

Quando Bolsonaro visitou Chapecó em abril, a situação também era ruim, com 100% dos leitos de UTI ocupados. À época, a cidade ava por uma intensificação das medidas restritivas, com a imposição de toque de recolher e fechamento do comércio.