‘Colegas’ ditadores de Lula na Rússia rendem moção de repúdio na Câmara 686p25
Em encontro relativo à Segunda Guerra Mundial, o petista aparece ao lado de chefes de nações africanas que chegaram ao poder via golpes de Estado 6e11h

O líder da oposição na Câmara, deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), apresentou uma moção de repúdio contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o petista participar, na Rússia, de um evento ao lado de diversos chefes de Estado que governam ditaduras e regimes autoritários na África. O projeto foi movido na última segunda-feira, 12, mas precisa ser pautado e votado pelos deputados.
A cerimônia ocorreu na última sexta-feira, 9, em Moscou, durante celebrações militares do Dia da Vitória — data em que, em 1945, a Alemanha nazista se rendeu às tropas soviéticas em Berlim, marcando o fim da Segunda Guerra Mundial –, que contaram com a participação do presidente russo, Vladimir Putin. Além de Lula, estavam presentes a primeira-dama, Janja da Silva, e a ex-presidente Dilma Rousseff, chefe do banco de desenvolvimento dos BRICS.
Em uma das fotos, Lula aparece sentado ao lado de cinco líderes autocratas africanos:
- Ibrahim Traoré, presidente de Burkina Faso desde 2022, que assumiu o poder após um golpe militar;
- Umaro Sissoco Embaló, presidente da Guiné-Bissau desde 2020, que dissolveu o Congresso em 2023 e adiou as eleições, ainda sem data marcada;
- Abdel Fattah al-Sisi, presidente do Egito desde 2013, quando chegou ao cargo através de um golpe militar;
- Emmerson Mnangagwa, presidente do Zimbábue desde 2017, que depôs o ex-presidente Robert Mugabe em um golpe de Estado;
- Denis Sassou Nguesso, presidente da República do Congo desde 1997, que governa de forma quase ininterrupta há mais de quatro décadas;
Na moção de repúdio, Zucco cita ainda a participação dos ditadores latino-americanos Nicolás Maduro, da Venezuela, e Miguel Díaz-Canel, de Cuba, e acusa Vladimir Putin de instrumentalizar as celebrações do Dia da Vitória como “propaganda política” para legitimar a invasão da Ucrânia. Segundo o deputado, “a presença de Lula neste contexto mancha a imagem diplomática do Brasil no Ocidente e reforça a percepção de que o governo atual alinha-se a regimes autoritários em detrimento das democracias liberais”.
No dia seguinte ao evento, Lula rebateu as críticas, que classificou como “exploração política” pela oposição, e afirmou que compareceu ao evento na Rússia para reforçar o “multilateralismo” da diplomacia brasileira. “Independentemente de eu ter vindo aqui, ir à China, à Argentina, a qualquer país, a nossa posição continua a mesma sobre a guerra da Ucrânia: nós queremos paz”, declarou o presidente.