Namorados: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

José Casado 3k6x4d

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise

Parados no tempo 3v6m2g

Mais de 156 milhões estão no escuro, sem saber o que pensam os candidatos 1178

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h24 - Publicado em 22 jul 2022, 06h00

Vai ter mar de gente nas urnas, em outubro. São mais de 156 milhões de pessoas cadastradas para votar, informa a Justiça Eleitoral. Isso é mais do que a população do México, e quase quatro vezes a da Argentina.

Sete de cada dez eleitores nasceram a partir da década de 70 do século ado. Ficaram adultos na sociedade estagnada, aprisionada num longo ciclo de baixo crescimento econômico e de alta desigualdade social.

Atravessaram os últimos quarenta anos num país ocasionalmente inerte, que foi caso de sucesso no mundo durante a maior parte dos seus dois séculos de independência.

Ainda Colônia, o Brasil de 1822 era aldeia de 4,7 milhões movida a trabalho escravo no planeta habitado por 1 bilhão de pessoas.

Quinze décadas depois, em 1980, era nação de 120 milhões num mundo de pouco mais de 4 bilhões de humanos.

O legado escravista segue indelével na paisagem, mas nesse intervalo de 158 anos a produção de riqueza no país avançou em velocidade três vezes acima da média mundial, medida pelo produto interno bruto (PIB).

Continua após a publicidade

Multiplicou-se por dez sua participação na economia global. Representava 0,3% no ano da Independência, saltou para 3% quando a IBM e a Apple inauguravam a era da computação portátil. Desde então, caiu e se mantém estacionada em patamar inferior a 2,5%.

Quatro décadas atrás o Brasil pertencia ao grupo de países pobres integrado pela China, Coreia do Sul e Índia, entre outros. Eles mudaram de “clube”.

O caso indiano é exemplar. Na terça-feira de 15 de novembro, quando o Brasil completar 133 anos de República, com um governo recém-­eleito, a Índia começa a se transformar no país mais populoso do planeta — prevê a ONU. Terá 1,4 bilhão de habitantes e deve ultraar a China em 2023.

A sociedade indiana avançou muito em relação à brasileira. O governo do conservador Narendra Modi não deixa espaço para que seja classificado como modelo de democracia, mas, também, não atrapalhou demais e até ajudou, com reformas burocráticas, a impulsionar o país à expansão econômica de mais de 7% neste ano.

Continua após a publicidade

“Mais de 156 milhões estão no escuro, sem saber o que pensam os candidatos”

É recorde global, com fato relevante: esse crescimento deriva, basicamente, da economia digital. A Índia virou uma espécie de berçário na nova fronteira do capitalismo, com mais de 700 000 empresas dedicadas à inovação. Uma centena delas se destaca pelo valor de mercado acima de 1 bilhão de dólares — mais de 5 bilhões de reais. É o que os vendedores de papéis financeiros chamam de unicórnios.

No Brasil não há mais de vinte entre 14 000 startups registradas. É um símbolo desse ciclo de quatro décadas de estagnação, quando foram corroídas as chances de melhoria no padrão de vida dos brasileiros, agora prisioneiros de inédito nível de empobrecimento.

O país chega inerte aos 200 anos de Independência, apesar da reconhecida abundância de insumos essenciais (população, terra, água, energia renovável e fronteiras pacificadas) e da relativa autonomia tecnológica capaz de transformar seu ecossistema social e econômico.

Continua após a publicidade

Onde parecia construção acumulam-se ruínas. Divide-se na política numa espécie de festim antropofágico, a da eleição pela rejeição. Reluz em regressão social com uma de cada cinco famílias em situação de pobreza, e um terço delas afundadas em endividamento recorde. A debilidade econômica levou o setor industrial a retroceder à posição que possuía no produto interno bruto dos anos 40 do século ado.

É notável que os diagnósticos dessa melancolia brasileira de quatro décadas sejam convergentes para a mesma causa: o agravamento da desigualdade doméstica no o à educação e à saúde, e, em consequência, de oportunidades de trabalho e de remuneração.

A temporada de campanha eleitoral deveria servir como fórum nacional para debate de alternativas. No entanto, a nove semanas e meia da votação a maioria dos candidatos à Presidência da República e partidos nem sequer se preocupou em apresentar um roteiro de ideias ao distinto público votante e pagante.

Mais de 156 milhões de eleitores continuam no escuro. Desconhecem o que se planeja para o futuro. Essa deliberada omissão, à esquerda e à direita, apenas confirma a perda do sentido de progresso, que mantém o país apático há quatro décadas. É fonte de instabilidade política e, certamente, vai custar caro ao próximo governo.

Continua após a publicidade

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 27 de julho de 2022, edição nº 2799

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo 3n1yv

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo 1k27o

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.