Quem foi Rubens Paiva, ex-deputado retratado no filme ‘Ainda Estou Aqui’ 4n3253
Filme protagonizado por Fernanda Torres e Selton Mello acompanha a luta da família por respostas e Justiça 5v1d2w

Nesta quinta-feira, 7, chega aos cinemas brasileiros Ainda Estou Aqui, longa nacional protagonizado por Fernanda Torres que leva para as telas a história da família Paiva. O clã teve a vida virada de cabeça para baixo depois que Rubens Paiva (vivido por Selton Melo), patriarca da família e político brasileiro, foi preso e morto pela ditadura militar em 1971, no Rio de Janeiro. Paiva deixou cinco filhos com idades entre 10 e 18 anos, que foram criados pela mãe, Eunice Paiva (Fernanda Torres/Fernanda Montenegro). Viúva, ela ou a se dividir entre a maternidade, o trabalho e a dura luta por Justiça pelo desaparecimento e morte do marido.
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Mas afinal, quem foi Rubens Paiva? 463p29
Rubens Beyrodt Paiva (1929-1971) nasceu em Santos, no litoral paulista, e se formou em engenharia civil pelo Mackenzie, em São Paulo, no ano de 1954. Foi na universidade que ele começou sua carreira política: militou no movimento estudantil, presidiu o Centro Acadêmico e foi vice-presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP).
Eleito deputado federal por São Paulo em 1962, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Paiva teve um mandado curto: assumiu no início de 1962, e participou de uma I para investigar as atividades do IPES-IBAD (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais-Instituto Brasileiro de Ação Democrática) — que financiava ações que alardeavam sobre a chamada “ameaça vermelha” no Brasil. Por isso, foi cassado em 1964, logo após o golpe, com base no AI-1. Pouco antes, fez um discurso na Rádio Nacional criticando o apoio do governador paulista, Ademar de Barros , ao golpe, e instou a população a defender a legalidade, o que também não foi bem visto pelos militares.
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Sem mandato, Paiva chegou a se exilar na Iugoslávia e França, mas acabou voltando para o Brasil nove meses depois. Radicado no Rio de Janeiro, ele voltou a exercer a engenharia, e também o jornalismo: fundou o Jornal de Debates e foi diretor da Última Hora de São Paulo.
Por que Rubens Paiva foi preso? 151a62
Sem participação direta na luta armada, Paiva foi preso depois que cartas de exilados políticos endereçadas e ele foram capturadas junto a pessoas que voltavam do Chile. Os agentes suspeitaram que Paiva tivesse contato com “Adriano”, codinome de Carlos Alberto Muniz, e que poderiam chegar a Carlos Lamarca — então o homem mais procurado do país — através dele.
A prisão de Paiva, no entanto, foi praticamente um sequestro: seis homens identificados como da Aeronáutica invadiram a casa armados com metralhadoras, sem um mandato de prisão. Ele não ofereceu resistência, e seguiu com os agentes em seu próprio carro. No dia seguinte, a esposa, Eunice, e a filha, Eliana, de 15 anos, também foram presas. A adolescente deixou a prisão no dia seguinte, e Eunice foi solta depois de doze dias — mas Paiva nunca voltou para casa. Segundo o relatório da Comissão Nacional da Verdade, o político foi torturado no DOI e morreu no dia seguinte à prisão, em função dos ferimentos. Na versão oficial do exercito, ele teria sido sequestrado por militantes enquanto era transferido por oficias, e foi dado como desaparecido.
Apesar de várias testemunhas relatarem terem ouvido Rubens Paiva ser torturado e clamar por água antes de ter o corpo desfalecido retirado da cela, a versão oficial só foi derrubada de vez em 2014, depois que o coronel reformado Raimundo Ronaldo Campos itiu à CNV ter montado a farsa junto com dois companheiros de farda, à pedido do subcomandante do DOI. O corpo do ex-deputado nunca foi encontrado e seu atestado de óbito só foi emitido em 1996, depois que Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei dos Desaparecidos, que reconheceu como mortos aqueles que “sumiram” durante a ditadura.
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