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Os dilemas do Brasil aos quarenta anos do fim da ditadura 1h3x5

Por Cristovam Buarque Atualizado em 21 mar 2025, 13h09 - Publicado em 21 mar 2025, 06h00

A comemoração dos quarenta anos do fim da ditadura faz lembrar que a democracia não ocorreu naturalmente. Ela foi resultado de uma engenharia política que uniu adversários radicalmente antagônicos. A data também provoca reflexão sobre as conquistas realizadas e as promessas não cumpridas no período. Desperta para a necessidade de os líderes atuais se unirem por uma causa comum: superar as amarras que dificultam a construção do Brasil que desejamos.

A democracia fez uma Constituição Cidadã, implantou o SUS, criou o Real, acabou com a censura, recuperou a liberdade, montou uma rede de transferência de renda que reduz a penúria de metade da população do país e aumentou o número de alunos no ensino superior, inclusive com a adoção de cotas raciais e sociais. Mas o país continua com a mesma baixa renda per capita, sem mudar a concentração de riqueza em pequena parte da população. Mantemos a péssima posição internacional na qualidade da educação e na desigualdade com que ela é oferecida. O número de adultos analfabetos continua praticamente o mesmo. Não temos uma estratégia para abolir a pobreza e dar à população instrumentos para sobreviver sem necessidade de políticas de compensação.

“Não temos uma estratégia para abolir a pobreza e dar à população instrumentos para sobreviver”

Continuamos, enfim, sendo um país distante da inovação tecnológica, agora especialmente, com os avanços extraordinários da inteligência artificial. Seguimos sem estratégia de desenvolvimento para a economia do futuro, baseada no conhecimento e na diversidade ecológica.

O Brasil ficou democrático, mas segue estagnado em seu projeto de desenvolvimento e de civilização. Aumentou a corrupção direta e indireta sob a forma de privilégios. A violência urbana se ampliou e a desigualdade se aprofundou, ampliando o fosso social. Há corporações sem sentimento nacional, com políticos polarizados em extremos. A estabilidade monetária é frágil, por falta de responsabilidade fiscal. Há cada vez mais estudantes universitários e, contudo, esquecemos a educação de base.

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Quase meio século depois do fim da ditadura, ainda precisamos que os artistas defendam democracia, como fez o excelente filme de Walter Salles, Ainda Estou Aqui. Mas é fundamental, de uma vez por todas, que a classe política abra caminhos que nos mostrem como “sair daqui”, escapando do beco da ineficiência e da desigualdade. É preciso força para alimentarmos um Estado eficiente e justo, de renda bem distribuída. Deve-se buscar sem descanso uma sociedade inclusiva e pacífica. Rubens Paiva foi assassinado porque tinha um sonho para o Brasil, o da democracia. É anseio que ainda existe, ainda que tenhamos dado os fundamentais. Mas estamos muito longe, reafirme-se, da nação civilizada que podemos ser. Em 1985, os líderes se uniram para derrotar a ditadura e por cinco anos o governo Sarney consolidou o marco democrático. Agora, quarenta anos depois, a democracia deve ser a força motriz de um novo o. Já não basta o fundamental brado: “viva a democracia”. Trata-se de incrementar a democracia viva.

Publicado em VEJA de 21 de março de 2025, edição nº 2936

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