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Joias associadas a Buda vão a leilão e geram debate ético 3u6z1p

Peças estavam em uma coleção privada de uma família britânica e serão colocadas à venda pela Sotheby’s 2ln

Por Natalia Tiemi Hanada Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 Maio 2025, 11h30

Uma coleção de joias associadas aos restos mortais de Sidarta Gautama, Buda, vão a leilão nesta quarta, 6. As peças estavam sob guarda de uma família britânica e são consideradas sagradas pelos budistas e uma das descobertas mais surpreendentes da era Moderna. A venda será feita pela casa Sotheby’s, em Hong Kong e levanta o debate sobre o comércio de artefatos arqueológicos de valor religioso e cultural

As mais de 1.800 pedras preciosas, com pérolas, rubis, topázios, safiras, e folhas de ouro estampadas, foram encontradas em uma câmara de tijolos perto do local de nascimento de Buda, Lumbini, segundo o jornal inglês BBC. O britânico William Claxton Peppé escavou uma estupa ao sul de Lumbini em Piprahwa, na Índia, em 1898 e encontrou as relíquias intactas há 2.000 anos junto com fragmentos ósseos atribuídos a Sidarta Gautama e distribuídos por países como Tailândia, Sri Lanka e Mianmar, onde continuam sendo venerados.

Quem ganha com o leilão das joias?  555918

As joias foram guardadas pela família do escavador que gerações depois decidiu leiloar as peças. A Sotheby’s apresenta os itens como parte de uma das “descobertas arqueológicas mais extraordinárias de todos os tempos”, segundo Nicolas Chow, presidente da casa na Ásia.

Segundo a Sotheby’s, a família de Peppé permaneceu com uma parte considerada “duplicata”, cerca de um quinto da descoberta. A maior parte foi entregue ao governo colonial e posteriormente a países budistas.

A decisão da família Peppé, porém, acendeu um debate ético. O historiador de arte indiano Naman Ahuja questiona: “Será que as relíquias do Buda podem ser tratadas como mercadorias, como obras de arte? O vendedor se apresenta como “custódio”, mas custódio em nome de quem?”

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Chris Peppé, bisneto de William, disse à BBC que a família considerou doar as joias, mas todas as opções foram problemáticas e um leilão foi a “forma mais justa e mais transparente para transferir as relíquias aos budistas”.

Os pesquisadores Ashley Thompson, da Universidade Soas de Londres, e Conan Cheong, curador de arte asiática soltaram uma nota conjunta que coloca em xeque a posição do descendente do escavador: “Para muitos budistas, essas gemas fazem parte das próprias relíquias sagradas. Não é apenas o osso ou a cinza que importa, mas todo o conjunto.”

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A simbologia das joias também reflete o ado colonial da presença inglesa na Índia. O diamante Koh-i-Noor, parte das Joias da Coroa britânica, foi apreendido pela Companhia das Índias Orientais em solo indiano, onde muitos locais o consideram como roubado pela Inglaterra. O destino das relíquias de Buda parece seguir o mesmo caminho.

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Apesar da polêmica, o bisneto de William Peppé reafirma que o leilão foi a maneira mais justa e transparente para transferir as relíquias aos budistas e que acredita que a Sotheby’s poderá cumprir essa missão. 

Líderes budistas, no entanto, não enxergam a ação alinhada com os preceitos de simplicidade do líder espiritual: “O Buda nos ensinou a não tomar posse do que não nos pertence”, disse Amal Abeyawardene, da Sociedade Britânica MahaBodhi a BBC. “Registros históricos indicam que o clã Sakyamuni recebeu a custódia dessas relíquias, já que o Buda emanou de sua comunidade. Seu desejo era que essas relíquias fossem preservadas juntamente com adornos, como essas gemas, para que pudessem ser veneradas perpetuamente pelos seguidores do Buda.”

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