ASSINE VEJA NEGÓCIOS
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história

O governo reage mal

Críticas à política ambiental são respondidas de forma errada

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 15h10 - Publicado em 2 out 2020, 06h00

A imagem do país vem sofrendo graves danos com a condução da política ambiental e os incêndios na Amazônia e no Pantanal. Infelizmente, autoridades têm recorrido a formas pouco apropriadas para reagir a críticas. O mote da reação aponta que as regiões ricas não teriam moral para criticar o Brasil, pois devastaram as suas próprias florestas. Para o presidente Jair Bolsonaro, “países que nos criticam não têm queimadas porque já queimaram tudo”.

Diante da oposição do governo francês ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul em razão das queimadas, o vice-presidente Hamilton Mourão respondeu que a Guiana sa também exibe desmatamento e mineração ilegais. Para o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Augusto Heleno, o objetivo oculto nas críticas é derrubar o governo. E por aí afora.

Na Europa medieval, o desmatamento decorreu da expansão da agricultura e do uso de madeira como fonte de energia, na construção civil e na produção naval. No século XVIII, antes do carvão mineral, densas florestas do Reino Unido desapareceram, acarretando importações da Escandinávia e das colônias britânicas na América.

A preocupação era a degradação dos solos. A ciência ainda não havia alertado sobre o efeito estufa e o aquecimento global. O petróleo nem tinha sido descoberto. O século XIX assistiu às primeiras reações. Na Alemanha, limitou-se o o às florestas. No século XX, os ganhos de produtividade da Revolução Verde liberaram terras, propiciando reflorestar. Hoje, um terço da Alemanha está ocupado por florestas.

“O Brasil deveria ser o maior interessado no assunto, pois pode aproveitar as vantagens do bom manejo ambiental”

Continua após a publicidade

O tema da defesa do meio ambiente permeia a sociedade em todo o mundo. Em torno dele, interagem governos, parlamentos, instituições multilaterais, bancos, fundos de investimento, intelectuais, ONGs, consumidores e empresários. As reações de autoridades brasileiras revelam desconhecimento dessa realidade. Teorias conspiratórias dizem que as críticas esconderiam objetivos comerciais. Embora produtores europeus busquem aproveitar-se da situação, não se pode imaginar que essa seja a finalidade última dos governos.

Por outro lado, mesmo que o desmatamento nos países ricos se explicasse por má gestão ambiental, usar esse exemplo equivale a imaginar que podemos errar porque eles erraram. E é incorreto argumentar que temos uma matriz energética limpa, pois o que está em jogo é a má política ambiental.

Inquietações com problemas ambientais não são exclusividade de países ricos. O Brasil deveria ser o maior interessado no assunto, pois pode aproveitar-se das vantagens derivadas do bom manejo ambiental, inclusive para obter créditos de carbono.

Continua após a publicidade

O setor privado tem demonstrado seriedade no trato do problema. E tem demandado responsabilidade do governo na política ambiental. Adota, ademais, condutas que demonstram seu compromisso com as práticas associadas à sigla ESG (environment, social and governance, ou seja, meio ambiente, social e governança), que está em alta no mundo dos negócios. É assim que as empresas se credenciam a obter recursos externos essenciais à sua expansão. É hora de o governo também atuar seriamente na matéria.

Publicado em VEJA de 7 de outubro de 2020, edição nº 2707

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

ABRIL DAY

Digital Completo

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
A partir de 14,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.